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Formar pesquisadores e professores para o campo interdisciplinar. Este foi o principal objetivo de criação do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict), que oferta cursos de mestrado e doutorado em Comunicação e Saúde, com duas linhas de pesquisa: produção, organização e uso da informação em saúde; e informação, comunicação e mediações em saúde. Com nota 5 na Capes, o programa já formou 77 alunos de mestrado e doutorado e a previsão é que em 2016 sejam mais 16, sendo 11 mestres e cinco doutores. Atualmente, estão acessíveis online no repositório Arca 43 dissertações de mestrado e 15 teses de doutorado do PPGICS.
Antes do PPGICS, o Icict já buscava auxiliar na construção de conhecimento na interface entre a comunicação e a saúde, com especialização e cursos de atualização e qualificação. Atualmente, oferece duas especializações, uma em Informação Científica e Tecnológica em Saúde e outra em Comunicação e Saúde, bem como cursos de qualificação (para complementar de maneira interdisciplinar o conhecimento em determinadas áreas), atualização (para reciclar e ampliar conhecimentos em uma determinada área ) e cursos da Rede Brasileira de Banco de Leite Humano (para aprimorar o trabalho desenvolvido por quem atua nessa área). Nestas modalidades, o Icict já ofereceu mais de 200 turmas que receberam 3160 estudantes, a maior parte (mais de 2 mil) para os cursos de Atualização (vide quadros Stricto Sensu e Lato Sensu em números).
A possibilidade de inovação é um dos pontos fortes no Instituto, de acordo com o vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Institucional do Icict, Josué Laguardia . “Os cursos não são engessados, pode-se arriscar, propor disciplinas e cursos novos, os alunos podem fazer aulas em outras instituições, e isso aprimora a qualidade das pesquisas”, afirma.
A interdisciplinaridade é, hoje, um dos principais desafios do ensino no Icict. “Construir conhecimento genuinamente interdisciplinar é desafiador, pois a academia é disciplinar, dividida em caixinhas, nem todas as agências de fomento financiam projetos interdisciplinares, e nem sempre se valoriza a interdisciplinaridade em um concurso público para pesquisador, por exemplo”, afirma a pesquisadora do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces), Inesita Araújo, primeira coordenadora do PPGICS.
O atual coordenador Paulo Borges acredita que será desafiador manter a nota 5, obtida na primeira avaliação da Capes, pois os cortes no financiamento federal prejudicam a produção acadêmica. Ele sinaliza que é preciso avaliar constantemente os cursos, além de revisar e definir novos critérios de credenciamento de docentes no PPGICS. “Espero também que, com a reformulação do site, se atraia cada vez mais bons alunos, e que as pesquisas possam contribuir para o fortalecimento do SUS”, finaliza.
Juliana Lofego , professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre.
1. Por que se formou pesquisador no Icict/Fiocruz? Quando ingressou e quando se formou?
Entrei em 03/2011 e me formei em 02/2015. Me formei em Jornalismo e desde o final dos anos 90, quando fiz o mestrado (em Ciência da Informação no IBICT/UFRJ), já conhecia algumas pessoas da área de Comunicação e Saúde. Em 2000, me mudei para o Acre e passei a acompanhar o crescimento da área à distância, com a consolidação do CICT na Fiocruz e a criação do ICICT. Eu alimentava a vontade de fazer o doutorado na área, pois sou professora em Comunicação/Jornalismo e desenvolvia pesquisas em Saúde, pois sentia necessidade de aproximar as atividades, aprofundando algumas questões. Com o surgimento da pós-graduação do ICICT, me planejei para o doutorado.
2. Qual a sua avaliação sobre o curso de pós-graduação em Comunicação e Saúde?
Eu gostei muito do curso, com bons professores e alunos. Continua sendo uma referência para mim e espero manter a aproximação por meio de parcerias interinstitucionais.
3. Após se formar, continua na área de pesquisa? Trabalha onde atualmente?
Sim, sou professora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (desde 2002), atualmente dou aulas também no curso de Medicina (UFAC) e faço parte de um grupo de pesquisa Incubadora de Integralidade da Amazônia Legal, que busca consolidar parcerias com outras instituições como o Laboratório de Pesquisas e Práticas de Integralidade em Saúde - com sede no Instituto de Medicina Social/Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o próprio ICICT/Fiocruz. Embora eu ainda esteja mais focada na divulgação da pesquisa realizada para a tese, planejo projetos de pesquisa e extensão em comunicação e saúde para 2016.
4. Qual o principal desafio para os alunos da pós-graduação no Icict/Fiocruz? Como é um curso novo de uma área interdisciplinar em consolidação, as instituições e serviços ainda não se apropriaram de questões que tem sido estudadas pelo campo, que envolvem reflexões sobre produção, circulação e apropriação de informações na área da saúde.
Desta forma, muitas vezes reproduzem práticas de comunicação intervencionistas e pouco dialógicas, que reforçam relações de poder existentes e o uso da linguagem técnico-científica, o que compromete a aproximação e o vínculo com a população.
Adriano De Lavor , editor de jornalismo do programa Radis – Comunicação e Saúde , da Fiocruz
1. Por que se formou pesquisador no Icict/Fiocruz? Quando ingressou e quando se formou?
A Fiocruz é pioneira na construção do campo intersetorial de Comunicação e Saúde e uma das instituições mais importantes na consolidação e na defesa do SUS - e também na construção da ideia de que o direito à comunicação é imprescindível para a garantia do direito à saúde. Por me identificar profundamente com esses temas, foi muito natural que eu decidisse conformar minha trajetória acadêmica no Icict. Meu primeiro contato com a instituição foi em 2003, quando atuava como repórter do jornal O Povo, de Fortaleza, e coordenava a comunicação do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids do Ceará (GAPA/CE). Fui selecionado para a primeira turma de Especialização em Comunicação e Saúde, quando o Icict ainda era um centro, o CICT. Concluí a especialização em 2004 e retornei a Fortaleza; em 2005. A experiência foi decisiva na minha carreira. Larguei o jornal onde trabalhei por 11 anos e voltei ao Rio. Ingressei no mestrado na Escola de Comunicação da UFRJ, onde coloquei em prática o projeto de investigação que eu havia construído na especialização (uma pesquisa sobre Aids, internet e ativismo). Concluí o mestrado em 2007; antes disso, em 2006 fui aprovado no Concurso da Fiocruz, onde passei a trabalhar no Programa Radis, da Ensp. Em 2010, já servidor da Fiocruz, foi natural que escolhesse o PPGICS para fazer meu doutorado, concluído em outubro de 2014. Minha pesquisa foi sobre os efeitos da visibilidade na luta pela garantia do direito à saúde e à comunicação.
2. Qual a sua avaliação sobre o curso de pós-graduação em Comunicação e Saúde?
Ser pioneiro não é fácil. Se por um lado, a descoberta e o ineditismo são estimulantes, por outro há dificuldades a serem enfrentadas. O saldo, no entanto, é positivo. Tive oportunidade de conhecer e conviver com a excelência de notórios pesquisadores e professores, ter o apoio institucional para desenvolver a minha pesquisa e ainda dialogar com diferentes campos do saber - condição essencial para que pudesse formular uma contribuição - ainda que pequena - para este campo que, em minha avaliação, é essencial para a consolidação da Saúde como direito.
3. Após se formar, continua na área de pesquisa? Trabalha onde atualmente?
Continuo! Sou hoje editor da Revista Radis, da Ensp/Fiocruz, publicação jornalística gratuita que hoje chega impressa às mãos de quase 100 mil pessoas em todo o Brasil e também pode ser acessada livremente na Internet. Um espaço qualificado de discussão sobre políticas públicas, direitos sociais e determinantes da saúde, aberto ao debate amplo e democrático de todos os setores da sociedade. Agrada-me muito a possibilidade de exercer o jornalismo comprometido com a democracia e poder abrir espaço, com a mesma amplitude, para o conhecimento científico e o tradicional. Trabalhar com liberdade e, acima de tudo com compromisso com a população brasileira é a melhor maneira de retribuir o investimento que o país fez na minha formação.
4. Qual o principal desafio para os alunos da pós-graduação durante o curso no Icict/Fiocruz? E após o curso?
Durante o curso, talvez seja conciliar a atividade de pesquisa com o trabalho, o que não é fácil. Infelizmente os critérios de exigência das agências de fomento nem sempre são proporcionais ao apoio que é dado aos pesquisadores. Depois do curso, o desafio maior é ampliar o leque de oportunidades de trabalho. Democratizar o conhecimento adquirido e formulado na Pós Graduação deve ser obrigação primeira do pesquisador. Em especial em um campo interdisciplinar e novo, nosso maior desafio é fazer com que a teoria possa embasar e qualificar a prática - e que ambas possam melhorar as condições de vida e de saúde da população.
Marcelo Simão de Vasconcelos, programador visual da Fiocruz e professor da Universidade Estácio de Sá
1. Por que se formou pesquisador no Icict/Fiocruz? Quando ingressou e quando se formou?
Entrei para a Fiocruz como servidor em 2006, atuando como programador visual, mas senti necessidade de compreender mais sobre saúde coletiva e suas relações com a Comunicação e Informação. O interesse pela mídia dos jogos digitais e o interesse em empregá-la em favor da saúde tornou o PPGICS uma escolha natural. Ingressei na primeira turma do programa, em 2009, e defendi minha tese em agosto de 2013.
2. Qual a sua avaliação sobre o curso de pós-graduação em Comunicação e Saúde?
Acredito que seu maior trunfo é expor o aluno a diversas perspectivas nesta interface entre Saúde, Comunicação e Informação.
3. Após se formar, continua na área de pesquisa? Trabalha onde atualmente?
Continuo trabalhando no Icict, agora combinando atividades técnicas e outras ligadas à pesquisa. Como consequência da passagem pelo PPGICS, criamos o grupo de pesquisa "Jogos e Saúde", certificado pela Fiocruz em 2014.
4. Qual o principal desafio para os alunos da pós-graduação durante o curso no Icict/Fiocruz? E após o curso?
O desafio é justamente navegar por entre as diferentes perspectivas apresentadas durante o curso e consolidar nossa própria compreensão sobre elas . É um processo difícil, mas muito recompensador, pois saímos com um entendimento renovado dos campos da Saúde, da Comunicação e da Informação e do nosso papel como agentes de transformação da sociedade.
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