Icict comemora 30 anos com evento preparatório do primeiro Hackathon em Saúde

por
André Bezerra e Cristiane d'Avila
,
08/04/2016

Na data em que completou 30 anos (7/4), e também se comemorou o Dia Mundial da Saúde, o Icict promoveu o Pré-Hackathon, evento preparatório do primeiro Hackathon em Saúde da Fiocruz, a ser realizado no segundo semestre deste ano. Ao longo de todo o dia, funcionários e alunos do instituto, da Fundação e de diversas instituições parceiras participaram de uma série de atividades, que visaram definir as regras, modalidades, critérios de avaliação e premiações da maratona de desenvolvimento tecnológico para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O pesquisador Marcel Pedroso, coordenador Centro de Estudo do Icict e organizador do evento, apresentou os desafios e as modalidades do Hackathon em Saúde. Em seguida, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o representante da vice-presidência de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Álvaro Funcia, e o vice-diretor de Informação e Comunicação do Icict, Rodrigo Murtinho, abriram as atividades.

“Estamos aqui para trazer para o nosso cotidiano a inovação tecnológica e a saúde como direito humano. Que se torne atividade permanente e traga grandes inovações e que através delas possamos melhorar a vida das pessoas”, ressaltou Rodrigo Murtinho, que representou o diretor do Icict, Umberto Trigueiros.

Álvaro Funcia levantou questões sobre o campo da ciência da computação e conceitos como navegação em nuvem, Internet das coisas, mobilidade e redes sociais, que fomentam a comunicação horizontal entre as pessoas. “Estamos falando de computação cognitiva, de cidades inteligentes, de desafios, como esse Hackathon, que podem mudar a forma de fazer várias coisas na área da saúde.  Afinal, como disse Galileu Galilei, a única grande finalidade da ciência é minorar o sofrimento humano”, completou Funcia.

“Com a inteligência cognitiva, a única coisa que não deixamos de fazer é a interação humana, que em última instância confere significado à ação política e social”, enfatizou Paulo Gadelha. Na opinião do presidente da Fiocruz, é preciso valorizar o Hackathon não só como experiência episódica, mas como atividade permanente. A escolha dos temas é muito feliz porque o que os programadores vierem a criar darão respostas à saúde pública.

Os desafios

O primeiro dos cinco desafios foi apresentado pelo coordenador da Rede Global de Bancos de Leite Humano, João Aprígio Guerra de Almeida. Responsável pela maior iniciativa de cooperação internacional da Fiocruz e do Ministério da Saúde, João Aprígio falou sobre como atender toda a procura por leite humano do país. “No Brasil, como em qualquer outro país, 98% do leite utilizados são provenientes de coleta domiciliar. Porém, no caso brasileiro ao menos, os 218 BLHs do país dão conta de 60% da demanda. Esse é o nosso maior desafio. Nossas questões são como minimizar as perdas do LH coletado, como otimizar o sistema de coleta e como aumentar a eficiência da gestão da coleta”, adiantou Aprígio.

Em seguida Fátima Rangel, do Programa Fiocruz Saudável, apresentou a iniciativa, cujo objetivo é promover o alinhamento entre as políticas públicas de saúde do trabalhador, gestão ambiental e biossegurança na Fiocruz, através propostas como o Circuito Saudável. “Nosso desafio é compartilhar o conteúdo do Circuito Saudável, que auxiliará os usuários na verificação do estado nutricional, orientações quanto à escolha de alimentos e atitudes mais saudáveis”, explicou.

Ana Maranhão e Viviane Veiga (Icict/Fiocruz), coordenadoras do Arca, o Repositório Institucional da Fiocruz, apresentaram o conceito de acesso aberto ao conhecimento científico, cujo desafio principal é a adesão ao movimento e o incentivo ao depósito de artigos, teses e dissertações, relatórios de pesquisa, recursos educacionais e dados de pesquisa no Arca. “É preciso que os pesquisadores entendam o movimento de acesso aberto e aprendam a usar o Arca. Temos também que saber como contornar as restrições atuais de embargo impostas pelas editoras neste momento de transição”, detalhou Viviane Veiga.

Em seguida foi a vez de Marcelo Gomes, do Programa de Computação Científica da Fiocruz, apresentar o “Sistema de alerta para casos de dengue no município do Rio de Janeiro -  InfoDengue”, e o “Sistema de coleta de dados de oviposição e focos de mosquitos - ovitrampas e LIRAa”. “Os dados climáticos fornecem boa resolução temporal, porém baixa resolução espacial dentro do município. Por sua vez, o sistema atual de monitoramento vetorial fornece boa resolução espacial, mas baixa resolução temporal. Já os dados de atendimento fornecem informação apenas sobre a situação na população humana, não sobre o vetor. Esses são os desafios que temos que vencer”, explicou Gomes.

O último desafio foi apresentado pelo pesquisador Cristiano Boccolini, do Laboratório de Informação em Saúde (Lis/Icict), para a Norma Brasileira para Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância (NBCAL). Boccolini apresentou os objetivos, o monitoramento e os impactos das infrações a que está exposta a Norma Brasileira para Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância (NBCAL), regulamentada como lei em final de 2015. O desafio da proposta é o desenvolvimento de um aplicativo para monitoramento das transgressões à norma.

Troca de Experiências

Após a apresentação dos temas de saúde, dois convidados trouxeram experiências concretas para dividir com os participantes. Paulo Werdt, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), contou como foi a criação do aplicativo de saúde silvestre SISS-Geo, produzido em parceria com a Fiocruz. “Esse aplicativo móvel se baseia no conceito de ciência cidadã, com a participação dos usuários”, comentou ao descrever o sistema de mapeamento utilizado para registrar ocorrências de saúde em animais silvestres visando prevenir zoonoses e fornecer informações para pesquisas a partir de fotos enviadas pela própria população.

Em termos de desenvolvimento, Werdt explicou que foi pensado um aplicativo pequeno em memória, portável, georreferenciado, funcional em modo off-line, com visualização de mapas interativos, além de atender todas as demandas científicas da área. A plataforma escolhida foi Android e o Siss-Geo está na versão 2.0.

Já a desenvolvedora de sistemas Danielle Cohen dividiu com a plateia como foi sua participação no Hackathon Globo 2015, em que sua equipe saiu como grande vencedora do desafio. “Eu nunca tinha participado de um hackathon antes. Como era minha primeira vez, fiquei um pouco nervosa, mas foi uma experiência muito legal”, revelou.

Ao explicar os motivos porque valeu a pena participar de um evento como esse, ela destacou a possibilidade de networking e o trabalho em equipe. “Conheci gente de várias idades e cursos diferentes. E também aprendi muito sobre áreas em que eu não tinha experiência, como o design”, contou. “Também é muito boa a experiência de trabalhar em equipe. Dá para se divertir muito e contribuir para oferecer alguma solução interessante, nesse caso, para a área da saúde, que é muito importante”, completou.

O protótipo desenvolvido pela equipe de Danielle é um aplicativo que gera hologramas a partir de modelos 3D projetados em um prisma sobre a tela do dispositivo, como um celular ou tablet. Com a premiação, o grupo participou durante uma semana de um evento de tecnologia do Massachussets Institute of Technology, nos Estados Unidos, onde pode apresentar o trabalho e participar de cursos e atividades de intercâmbio.

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Pré-Hackathon em Saúde da Fiocruz.
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Equipe do Pré-Hackathon. (Foto: Ascom)

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