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Com a sala multimídia lotada de alunos, pesquisadores e visitantes – pessoas em pé e até sentadas no chão – aconteceu na última semana (entre os dias 21 e 23 de junho) a I Jornada do PPGICS 2017, que contou com palestras, o 5º Seminário Avançado de Pesquisa, a apresentação dos alunos e um panorama do curso de pós-graduação do Icict feito por ex-alunos e alunos de mestrado e doutorado do PPGICS.
O evento contou com a abertura do diretor do Icict, Rodrigo Murtinho, que saudou os participantes, e do vice-diretor de Pesquisa Ensino e Desenvolvimento Tecnlógico da unidade, Christovam Barcellos, que ressaltou a importância da Jornada como um momento de troca entre alunos, professores e pesquisadores. A seguir, a coordenadora da pós-graduação do Icict, pesquisadora Kátia Lerner destacou que a Jornada “tem que ser dos alunos e para os alunos”, reforçando que estava “orgulhosa, de todos, em especial da turma de doutorado de 2016, que foram responsáveis por essa construção coletiva”, com o apoio da professora Cristina Guimarães, que coordena a disciplina “Seminários Avançados e Pesquisa” no PPGICS, Gestão Acadêmica, VideoSaúde, Multimeios e Ascom, dentre outros.
No primeiro dia do evento, Carlos Henrique Marcondes, professor do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI), da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Rodrigo Padula, da Wikipedia Brasil, falaram sobre “Wikipedia e/em saúde: perspectivas de pesquisa”.
A primeira palestra do dia 21/06 foi de Carlos Henrique Marcondes, que falou sobre a Web semântica, as unidades de conhecimento, da estruturação da informação em base de dados e o processamento dos dados para gerar a informação propriamente dita. Marcondes chamou a atenção para o grande volume de artigos científicos e a necessidade de se instrumetalizar as tecnologias para sistematizar o conteúdo desses artigos, com instrumentos semânticos”.
Assista aqui um pequeno trecho da palestra de Marcondes:
Padula explicou o que é a Wikipedia, o que é desenvolvido pela plataforma, as parcerias e a Wikipedia no mundo e no Brasil. Ele falou que “no Brasil, os termos (disponibilizados na Wikipedia pelos colaboradores), em sua grande maioria, não utilizam artigos científicos como referência, mas sim notícias da grande mídia”. Ele também mostrou o projeto Wikipedia no Ensino, onde “professores e pesquisadores são incentivados a se tornarem editores da Wikipedia, para que possam refendar os termos utilizados nessa grande enciclopédia generalista”.
Um trecho da palestra de Rodrigo Padula pode ser visto aqui:
O segundo dia do evento foi marcado pelo 5º Seminário Avançado de Pesquisa, intitulado “Ciência, política e sociedade: os nós e os outros na pesquisa em saúde”. A abertura do dia 22/06 foi realizada pela aluna de doutorado Daniela Muzi, que é também coordenadora de produção da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, que falou da dedicação de todos os alunos envolvidos no projeto da I Jornada. Ela passou a palavra ao mediador do evento, o professor Wilson Borges, que também é coordenador do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces)/Icict.
Borges fez uma analogia entre o pensamento de Lacan no sentido do entrelaçamento entre o real, o simbólico e o imaginário, e o que os alunos do PPGICS conseguiram produzir com a Jornada. Para Wilson Borges, os alunos estavam buscando realizar “o entrelaçamento entre a ciência, a política e a sociedade, que seria um tipo de pesquisa que estamos pensando em fazer aqui”, explicou. A seguir, o mediador chamou para compor a mesa as pesquisadoras Maria Luisa Sandoval Schmidt, professora do Instituto de Psicologia da USP; Maria do Socorro de Souza, ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde e pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Brasília e Madel Therezinha Luz, professora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, da UFF, e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A primeira a falar foi Maria Luisa Schmidt que abordou a etnografia – estudo descritivo da cultura dos povos, sua língua, raça, religião, hábitos, manifestações materias. A professora da USP falou sobre a análise de James Clifford, antropólogo americano, sobre o trabalho de Maurice Leenhardt, um missionário e etnólogo, que durante quase meio século estudou os nativos da Nova Caledônia, uma ilha da Melanésia, na Ocenania. Segudo Schmidt, o que se destaca no trabalho de Leenhardt é “a forma como ele conduz a pesquisa incluindo os outros como informantes e mediadores”. Ela também falou que “a ideia de Leenhardt é que esses interlocutores (os nativos da Nova Caledônica) não só eram os interlocutores junto a Leenhardt, como “apresentavam versões e interpretações do que coletavam, deixando de ser um privilégio do etnólogo fazer isso. As pessoas falavam diante de pessoas de sua própria cultura e também serão mediadores”, explicou. Assista um trecho de sua palestra.
A ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro de Souza foi a segunda a falar. Ela parabenizou o corpo docente do PPGICS por trabalhar “a horizontalidade de projetos e desafios” e chamou a atenção da plateia atenta de que “não dá para fazer pequisas sem denunciar esses problemas, e propor caminhos para tentar enfrentar essas desigualdades”.
Souza falou de sua trajetória de vida – de trabalhadora rural ao CNS – que a tornou mais engajada politicamente. Ela também levantou várias questões, inquirindo os alunos se era “possível termos sistemas de saúde visando à equidade”, usando como exemplo a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). A ex-presidente do CNS deixou uma pergunta no ar para todos sobre o engajamento das classes populares: “até onde a Ciência e a Academia reconhecem os saberes e a luta das classes populares?”. Veja abaixo, um trecho da palestra de Maria do Socorro de Souza:
Finalizando, Madel Therezinha Luz usou de todo o seu bom humor para alinhavar o que as duas pesquisadoras haviam falado, lançando seu olhar enquanto pesquisadora e militante de Saúde Coletiva. Falando sem ter trazido PowerPoint ou algum texto, Madel chamou a atenção sobre a importância do sujeito – o outro – e a necessidade de “haver interlocução dos saberes, para o reconhecimento dessa alteridade”. Ela falou das pesquisas e das disciplinas, fazendo a reflexão de que “o que são temas prioritários de estudo, em relação à imensidão de assunto que temos?”. Luz enfatizou o papel do pesquisador, destacando a diferença entre a política e a prática política: “Como nós nos posicionamos como sujeitos?”. A professora também levantou um desafio a todos os presentes: “Como vamos conseguir que as pessoas percebam que o discurso da população que é atendida nos serviços de saúde – ‘eu quero ter esse tipo de tratamento’, ‘farei outro tipo de tratamento’, por exemplo, que isto seja reconhecido? Por que nessa país não pode ser isso?”, questionou.
Veja um trecho da palestra de Madel Luz:
O terceiro dia contou com a palestra “PPGICS na linha do tempo”, em que egressos do Programa de Pós-Graduação do Icict mostraram um panorama das pesquisas que desenvolveram e como estão aplicando-as em sua vida profissional e do aprendizado que tiveram durante a sua passagem nos cursos de mestrado e doutorado. Mediados por Cristina Guimarães, estiveram presentes Carla Rocha ( da turma de Doutorado 2013), Jéssica Muzy (da turma de mestrado de 2015), Marcelo de Vasconcellos (da turma de Doutorado 2009), Liandro Lindner e Paulo Guanaes, os dois da turma do Mestrado 2009. A aluna da turma de doutorado de 2009, Rafaela Cordeiro, não pode comparecer, mas enviou um texto que foi lido pelos participantes.
A recepção positiva do evento entre os alunos e o público externo, pode ser constatada nas palavras da estudante da turma de Mestrado 2016, Flávia Marques: ”acredito que seja um espaço muito fecundo para a troca das experiências acadêmicas e enriquecimento da formação do(a) aluno(a) dentro do Programa”.
Veja também a galeria de fotos do evento e textos e entrevistas em PDF dos pesquisadores que participaram da I Jornada do PPGICS. Em breve, a VideoSaúde disponibilizará na íntegra, em seu canal no Youtube, os três dias de palestras e apresentações da I Jornada do PPGICS 2017.
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