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Já está disponível o livro digital “Pesquisa Nacional sobre o uso de crack – Quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras?”, organizado pelos pesquisadores do Laboratório de Informação em Saúde (Lis/Icict), Francisco Inácio Bastos e Neilane Bertoni. A pesquisa foi originalmente lançada em setembro de 2013, sendo que apenas agora, o livro está disponível para a consulta, com um detalhamento maior das informações.
O livro, que é resultado da parceria entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) e a Fiocruz, traz uma ampla investigação, que buscou delinear o perfil dos usuários de crack no Brasil e estimar a proporção dessa população nas 26 capitais e no Distrito Federal. A pesquisa, considerada a maior do mundo sobre o assunto, servirá para orientar as políticas governamentais e sociais para lidar com a população usuária de crack e outras drogas similares.
Duas inovações nas metodologias foram incorporadas na pesquisa: a Time Location Sampling (TLS), que permitiu acessar a população flutuante dos usuários de crack e /ou similares (pasta-base de coca, merla e oxi, que assim como o crack são consumidos em cachimbos, latas e copos, ou em outros aparatos similares) nas cenas de uso da droga, e a Network Scale-up Method (NSUM), através do inquérito domiciliar, que possibilitou realizar as estimativas do número de usuários no país. Ao todo, foram entrevistadas 32.359 pessoas (24.977 no inquérito domiciliar e 7.381 usuários nas cenas de uso).
Com as metodologias utilizadas foi possível uma avaliação mais precisa sobre quem é e quantos são os usuários para que, a partir daí, as autoridades e especialistas – governantes e pessoal que atua diretamente com problema – possam determinar quais as melhores políticas públicas voltadas a esse público.
Um dos pontos altos da pesquisa é mostrar que o crack não pode ser visto como a única droga existente no Brasil, com potencial que cause danos à população, pois outras drogas ilícitas, como a cocaína, por exemplo, também estão presentes no dia a dia do brasileiro. Mesmo assim, além de trazer números sobre a real situação do crack no país, a “Pesquisa Nacional sobre o uso de crack” revela que são as vulnerabilidades sociais que marcam o usuário – jovens adultos, homens e mulheres – a maioria com baixa escolaridade e negros ou pardos, evidenciando que o uso do crack é, no Brasil, atualmente, um problema social.
Dentre os resultados apontados, é possível verificar que entre as mulheres, 8,17% eram portadoras do HIV, índice que, nos homens, chegava a 4,01%. Com hepatite C, as mulheres representaram 2,23% dos infectados e os homens, 2,75%. Outros números que chamam a atenção é que na faixa entre 18 e 24 anos, as mulheres representam 37,41% dos consumidores, contra 29,67% dos homens. Ou que de todas as entrevistadas, 55,36% afirmaram ter praticado sexo ou feito trabalho sexual em troca de dinheiro para comprar a droga ou do próprio crack, e que 40,04% das entrevistadas sofreram violência sexual nos últimos 12 meses, número tão alto quanto o de homens, que responderam positivamente a esse item na pesquisa: 37,79%.
Conforme as conclusões da pesquisa “no manejo integral do abuso de crack, a oferta de serviços de saúde não é suficiente, sendo a oferta de ações sociais absolutamente estratégica, desde o serviço mais simples de acolhimento e oferta de alimentação e higiene pessoal, até os programas que buscam efetivamente emancipar e oferecer condições para uma vida digna numa dimensão ampla.”
O livro digital pode ser baixado diretamente do site do Icict, no link ao lado. Leia abaixo, algumas conclusões da Pesquisa.
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