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O aniversário de 27 anos da VideoSaúde foi celebrado nesta quarta-feira, 21 de maio, em um bate-papo cheio de memórias e reencontros entre profissionais de saúde e realizadores de audiovisual. O Seminário comemorativo 'Audiovisual: Políticas públicas, saúde e cultura' começou com exibição de filmes no Salão de Leitura e apontou também perspectivas sobre a produção de filmes e vídeos como uma forma de promoção da saúde no país.
O evento começou com a exibição dos filmes A vida não para – Reconhecendo e curando a hanseníase, produzido pela VideoSaúde, e Profissão Cientista, que faz parte do acervo da distribuidora. Em seguida, o diretor do Icict, Umberto Trigueiros, deu as boas vindas aos participantes. “A história da VideoSaúde construída na Fiocruz é muito bonita, da qual participei por seis anos e foi uma das melhores que vivi. Tivemos a oportunidade de cobrir conferências, ouvir e dar voz as pessoas, conhecer de perto os problemas em trabalhos de campo. Foi uma experiência incrível e inigualável”, relembrou.
A missão histórica da Fiocruz em relação à produção de memória também foi destacada. “Desde os primeiros momentos de existência dessa instituição, Oswaldo Cruz se preocupou em registrar em imagens o que era feito. Hoje temos um acervo extraordinário dessa memoria audiovisual que precisa ser digitalizado, estar acessível”, afirmou. Esse ponto também foi destacado pela Vice-Presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade. “Quando pensamos em divulgação científica, é clara a importância desse trabalho de registro de imagens para a Fiocruz, um valor de difusão com base em pesquisas, um acervo muito rico”, comentou.
Representando a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, Liana Bathomarco Correa, sinalizou a disposição da SAv em estabelecer parcerias para a produção, fomento e distribuição do audiovisual em saúde, em projetos como a Programadora Brasil, e convidou todos a conhecerem o Centro Técnico do Audiovisual, no Rio de Janeiro. “O CTAv é aqui pertinho da Fiocruz e está de portas abertas. Todos os acervos ganharam uma área modernizada, e podem ser visitados. Também apoiamos a produção na finalização e no empréstimo de equipamentos”, informou.
(Eduardo Thielen, Sergio Brito, Joana d'Arc de Oliveira, Ariane Mondo e Liana Bathomarco. Foto: Raquel Portugal/Multimeios)
Na segunda mesa do evento, realizadores e gestores se reuniram para comentar suas experiências na produção de vídeos em saúde. Ariane Mondo exibiu trechos de Profissão Cientista, realizado pelo Observatório da Juventude, Ciência e Tecnologia da Fiocruz. O projeto tem seis episódios com histórias de pesquisadores da Fiocruz. “A ideia é dialogar com os jovens para que sigam ou se interessem em seguir a carreira de cientistas”, contou. O projeto tem sido bem recebido por estudantes de vários estados onde a série vem sendo exibida e a cineasta já trabalha em novos episódios.
A médica Joana d’Arc de Oliveira trouxe se experiência como realizadora no documentário sobre hanseníase produzido pela VideoSaúde. As duas convidadas já foram alunas de oficinas da VideoSaúde e contam como isso foi determinante para seus trabalhos. “Com a oficina, pude trabalhar com o campo multidisciplinar da comunicação e saúde e suas tensões”, comentou. À frente de serviços de saúde, viu a necessidade de um produto com linguagem acessível e que discutisse o estigma da doença, daí surgiu a idéia do filme. “Queríamos falar de ciência e senso comum, nessa intercessão”, contou.
O filme resultou de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e a Fiocruz. “Os profissionais de saúde não conhecem muito a doença, por incrível que pareça. Decidimos narrar a ciência através de voz e imagens em off e mostrar as lesões, os esquemas de transmissão da doença, permeadas de informações escritas. Fora isso, achamos importantes as histórias das pessoas que vivem e se curaram da doença. Quisemos transformar medo e desconhecimento em cura e acolhimento”, relembrou.
Por fim, o documentarista Sergio Brito, que passou vários anos de sua vida profissional na VideoSaúde e hoje está no Canal Saúde, trouxe algumas memórias de sua carreira. Uma delas foi a pergunta que ouviu quando decidiu vir para a Fiocruz após o fechamento das instituições culturais no governo Collor. “O que você vai fazer lá? Vai filmar micróbio?”, lembrou. Mas, durante todo o processo da reforma sanitária, percebeu que podia rodar filmes para as pessoas. “Por isso, digo que a VideoSaúde é um processo permanente e em ebulição para incorporação de ideias e pessoas. O grande compromisso que fazemos questão de reavivar é o extramuros, fazer com que o que temos de acervo ganhe vida”, afirma.
Dentre os desafios do setor, citou a necessidade de dar voz à diversidade e garantir ampla difusão e acesso. “De que adianta fazer belos documentários se não ganhamos o compromisso do olhar do outro? A produção independente que dá espaço a olhares e vozes que dificilmente ouviríamos e veríamos. Temos uma diversidade cultural imensa em nosso acervo e incentivo a novas produções e exibições”, completou. O debate foi mediado por Eduardo Thielen, onde os convidados discutiram a desburocratização do processo de fomento e parcerias. O evento foi encerrado com uma confraternização.
Os vídeos exibidos podem ser acessados ao lado.
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