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Pela primeira vez, a comunicação é discutida em uma conferência específica do controle social da saúde no Brasil. A 1ª Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde foi iniciada nesta terça-feira, 18 de abril, em Brasília, e reuniu conselheiros de diferentes instâncias estaduais, municipais e nacionais, além de comunicadores de dentro e fora do Sistema Único de Saúde (SUS), mas, que, em comum, o defendem como um fundamental direito conquistado pelo povo brasileiro.
No primeiro dia de mesas de debate, abertas na quarta-feira, 19 de abril, diferentes abordagens de comunicação foram discutidas. Do ponto de vista do acesso e da oferta, a mesa “Desafios da Comunicação em Saúde”, reuniu debatedoras como Márcia Correa e Castro, do Canal Saúde, e Carmen Lúcia Luiz, Conselheira do CNS e representante da União Brasileira de Mulheres (UBM).
Sessão de abertura da 1ª Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde. Foto: André Bezerra (Ascom - Icict/Fiocruz)
A segunda mesa, que ocorreu em paralelo, debateu a atuação direta dos profissionais de comunicação em diversas frentes, desde a assessoria de comunicação e a comunicação pública, na sessão intitulada “O papel da comunicação na defesa da informação em saúde”. Rogério Lannes, coordenador da revista Radis Comunicação e Saúde, destacou o direito à comunicação. “O acesso à informação apenas não garante o direito à saúde”, ressaltou.
Na mesma sessão, a jornalista e blogueira Cynara Menezes, do site Socialista Morena, abordou a emergência dos meios de comunicação alternativos como contraponto às narrativas hegemônicas no campo político. “Neste momento, há um interesse em enfraquecer a comunicação alternativa, mas ela está conquistando cada vez mais espaço”, ponderou.
Para ela, o estabelecimento de redes com interesses em comum terá papel fundamental para o fortalecimento de outros pontos de vista. “Não precisamos ter medo das bolhas, e sim utilizá-las em sua capacidade de aproximação, construir redes de contatos entre diferentes perfis de comunicadores e profissionais”, detalhou a jornalista.
À tarde, uma das mesas enfocou as novas mídias, com a presença do ator Gabriel Estrela, que arregimenta muitos seguidores em seu canal Projeto Boa Sorte, onde, com a hashtag #EuFaloSobre, são abordados temas relativos a viver com HIV e aids. “O grande diferencial do Youtube é a questão do engajamento”, destacou o comunicador, que realiza entrevistas com pessoas de diferentes contextos, desde drag queens a profissionais de saúde.
Assim como Cynara Meneses, ele defendeu a importância de as novas mídias e redes sociais possibilitarem novas narrativas, por meio de redes e diálogos. “A gente vive num momento de entrelaçamento de narrativas”, afirmou, destacando a troca de experiências de seu canal com outros comunicadores e influenciadores digitais que se destacam na maior rede mundial de vídeos da internet.
Durante a mesa de abertura da conferência, o Conselho Nacional de Saúde realizou o lançamento da consulta pública da nova Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, um instrumento pelo qual o controle social objetiva promover a cidadania entre a população. O ex-ministro da saúde Arthur Chioro apresentou os seis princípios da carta original e defendeu sua relevancia diante da conjuntura atual. “Não lutamos pelo SUS para que ele se resumisse a planos de saúde”, declarou.
A Conferência Nacional Livre de Comunicação e Saúde se encerrará na quinta-feira, após mais uma rodada de debates e uma plenária final entre conselheiros, gestores e comunicadores. Na quinta-feira, o vice-diretor do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz Rodrigo Murtinho será um dos debatedores da mesa “Informação em saúde como direito”.
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