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Uma comemoração encerrou o último dia de aula (15/07) do curso de atualização de Análise Espacial e Geoprocessamento em Saúde 2016. O motivo era celebrar os 20 anos do curso, que já recebeu profissionais do Brasil e de outros países. Segundo Mônica Magalhães, coordenadora do curso junto com Christovam Barcellos, chefe do Laboratório de Informação em Saúde (LIS/Icict), o objetivo do curso “sempre foi introduzir conceitos básicos de análise espacial e geoprocessamento, pensando na saúde pública”. Ao longo desse tempo, 21 turmas foram formadas e 473 alunos passaram por lá – alunos que a principal característica é trabalhar na saúde pública – como geógrafos, médicos, enfermeiros, veterinários, biólogos, estatísticos e pessoal da área de informática, alguns inclusive da América Latina, Europa, África e Europa.
Turma de 2016 do curso de atualização de Análise Espacial e Geoprocessamento em Saúde
Nos últimos anos do curso, os alunos utilizam o software gratuito TerraView, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). “Elegemos um software gratuito para que qualquer pessoa pode baixar”, afirma Mônica Magalhães, “investimos nisso porque sabemos que vem muitas pessoas de instituições públicas, que não dispõem de verba para comprar programas caros de análise espacial e geoprocessamento. Queremos que o aluno entenda o conceito e o método que utilizamos por trás do programa,” enfatiza. Mas, não é só o cuidado com o programa utilizado. A equipe de professores realiza atividades externas com os discentes. “Vamos com os alunos para o campo, com GPS, para coletar pontos – que é um trabalho que eles já fazem normalmente. Temos também aulas teóricas e práticas. Nas aulas práticas, escolhemos um programa e vamos trabalhando em conjunto com os dados que os estudantes trazem. Os alunos já vêm sabendo que trabalharemos com dados reais, de seus projetos”, explica Mônica Magalhães.
A coordenadora explica que a dinâmica nas turmas prevê que os alunos que têm mais afinidades com o que estão desenvolvendo se reúnam em grupos e montem, ao final, um projeto. A ideia é que esse projeto ajude na análise da hipótese que o próprio aluno criou. Os alunos percebem na prática, os problemas que podem enfrentar ao trabalhar com os dados: “Dá problema, dá bug, dá erro. Os dados precisam ser ajustados, porque não é coisa pronta. Este processo faz parte da rotina do Núcleo de Geoprocessamento/LIS. Vamos resolvendo e tentamos encaminhar a resolução para que eles entendam que não é apenas colocar os números lá, uma análise é necessária. O curso é muito real, eles baixam os dados do IBGE ou do DataSUS, que é o que normalmente fazemos no LIS”, explica Mônica. Ela arremata: “A gente brinca dizendo que é uma semana de amor e ódio, porque procuramos mostrar o que eles enfrentam e enfrentarão na realidade, mesmo que em apenas duas semanas de curso.”
Curso de atualização de Análise Espacial e Geoprocessamento em Saúde: do Brasil para o mundo
Nas avaliações, a maior reclamação é o curto tempo de duração dos cursos. Segundo Mônica Magalhães, vários fatores são constantemente analisados quando o curso é oferecido e esse é um deles: “É muito complicado, principalmente, para quem vem de fora, ficar mais do que esse período. Achamos que, nessas duas semanas, a pessoa consegue trabalhar minimamente – são duas semanas de aulas o dia inteiro; se não conseguem resolver nas instituições, eles acabam voltando, como estudantes de mestrado ou doutorado com seus projetos, e acabamos fazendo uma parceria com eles para desenvolver algo em conjunto em suas instituições”, explica.
Com um olhar no futuro, Mônica Magalhães enxerga alguns desafios para o curso. “O principal desafio é continuar a fazer o curso uma vez por ano, disseminando essa ferramenta, que achamos seja muito útil na gestão de saúde pública”. Manter o aprendizado utilizando um software gratuito também é um grande desafio: “Tentamos ao máximo mostrar ferramentas que sejam gratuitas – sejam programas e base de dados, para que consigamos chegar aos alunos e eles possam desenvolver os seus projetos, reduzindo os custos financeiros”, afirma a coordenadora do curso.
Para um curso que começou há 20 anos, com Fátima Pina junto com Christovam Barcellos, com todas as incertezas e dificuldades de se utilizar a análise espacial e o geoprocessamento em saúde, podemos achar que o curso é um sucesso, com turmas lotadas e uma procura muito acima da capacidade das salas e de uma matriz pedagógica que preconiza a qualidade acima de tudo. “Hoje, fazendo o levantamento sobre os alunos, vejo quanta gente passou por aqui, muitos pesquisadores de renome, da própria Fiocruz e de fora, que temos como ídolos. Isto é muito gratificante, você vê que o curso consegue atrair pessoas que continuam investindo na Saúde Pública”, finaliza Mônica Magalhães.
Memória: turma de 2005 do curso de atualização de Análise Espacial e Geoprocessamento em Saúde
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