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A pandemia de covid-19 deu ainda mais ênfase à importância da comunicação para a saúde. Por outro lado, também acentuou desafios antigos e trouxe novos tons às lutas históricas que reivindicam o direito à comunicação como essencial para o direito à saúde. Lançar luz a esses desafios e lutas foi a linha central da mesa "Direito à Comunicação e Saúde: Desafios Contemporâneos", que ocorreu na manhã desta quarta (23), durante o 13 Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão), em Salvador.
Crédito da imagem: Luiz Fernando Stevanim ao microfone, entre Nadja de Souza Araujo e Inesita Soares de Araujo | Foto: Daniela Muzi (VideoSaúde)
"Num contexto em que, em plena crise sanitária, mensagens de aplicativos estimularam a população a não se vacinar, é inegável o quanto a comunicação tem papel central na saúde", pontuou o jornalista e pesquisador Luiz Felipe Stevanim, editor da Revista Radis (Fiocruz). "Mas como a saúde pode abarcar o direito à comunicação? É fundamental que nós, profissionais e pesquisadores do campo da saúde, nos apropriemos da ideia do direito de comunicação como inalienável. Um direito estruturante para a saúde e para o SUS, pois base para o exercício da cidadania e para a garantia de outros direitos."
Stevanim chamou atenção para o fato de que, porém, este é um direito em disputa, tensionado pelas contradições e desigualdades do capitalismo e confrontado pelas heranças do autoritarismo. Dimensões como diversidade, equidade e justiça social, por exemplo, sofrem o impacto de desafios renovados. "Nem todo mundo tem celular com acesso à internet. Dentre os que têm, é preciso refletir: que tipo de planos de dados possuem? Têm acesso pleno à rede ou apenas a aplicativos de mensagens e redes sociais, o que faz com que recebam informação de forma limitada? A exclusão digital se retroalimenta com exclusão social."
Crédito da imagem: Inesita Soares de Araujo, ao microfone, ao lado de Nadja de Souza Araujo | Foto: André Bezerra (Ascom/Icict)
Inesita Soares de Araujo, pesquisadora e professora do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz, também abordou o quanto o direito à comunicação e saúde está desigualmente distribuído. "A pandemia, que colocou a comunicação no olho do furacão, fortaleceu ainda mais os traços hegemônicos que acentuam desigualdades. Acirrou ideias limitadas de saúde, ancoradas na visão biomédica e individualizada, e práticas autoritárias e verticalizadas de comunicação".
"É preciso, mais do que nunca, desconstruir nas instituições que cuidam da saúde a concepção arraigada de que sua missão é meramente facilitar o acesso das pessoas à fala institucional, sem levar em conta que a comunicação é um processo social", prosseguiu Inesita. Ela defendeu, com isso, a importância de instaurar novos modos de fazer comunicação, "desnaturalizando" práticas cotidianas e perseguindo novos prismas na busca por comunicar de gestores, assessores de imprensa e profissionais da área.
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