Crédito da imagem: Vista de uma favela na zona norte do Rio de Janeiro | Raul Santana | Fiocruz Imagens
As favelas e suas populações são fontes de produção de conhecimento e comportam narrativas bem distantes daquelas “a priori negativas” que os setores dominantes da sociedade acabam por difundir e naturalizar. No enfrentamento desse cenário, o Dicionário de Favelas Marielle Franco, plataforma on-line criada em 2019, busca reunir outras linguagens e registros sobre esses territórios. Essa experiência é descrita e analisada no artigo O desafio da descolonização do conhecimento: o Dicionário de Favelas Marielle Franco (El desafío de la descolonización del conocimiento: el Diccionario de favelas Marielle Franco), publicado na revista Salud Colectiva, da Universidad Nacional de Lanús, na Argentina.
Trata-se de uma iniciativa conjunta da comunidade acadêmica e dos moradores das favelas, como explicam os autores do artigo, Sonia Fleury, pesquisadora do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho e coordenadora do Dicionário, Clara Polycarpo, pesquisadora do Icict/Fiocruz e integrante da equipe do Dicionário, Palloma Menezes, professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj, e Marcelo Fornazin, professor do Departamento de Ciência da Computação da UFF.
“Neste artigo, discutimos como se produziram os acordos e divergências entre os saberes da comunidade acadêmica, ativistas e moradores de bairros marginalizados”, apresentam os autores. “O Dicionário busca superar tensões e assim incorporar outras linguagens e registros capazes de sustentar as produções e memórias das favelas”, analisam.
Conforme explicitam, eles tomam como pressuposto que uma “fragmentação na produção acadêmica”, que divide o conhecimento em múltiplas áreas disciplinares que “impossibilitam a compreensão complexa de fenômenos sociais, como a realidade das favelas e periferias”. E apontam, que, ao mesmo tempo, “a hierarquia do conhecimento constrói uma pirâmide em que as experiências, os saberes populares, as práticas sociais e até a produção acadêmica dos centros culturais das favelas têm sido inferiores pelas limitações de seu uso, circulação e difusão em ambientes intelectualmente reconhecidos, como as universidades”.
Leia a íntegra do artigo (em espanhol)
Acesse o Dicionário de Favelas Marielle Franco
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