Economista e professor da UFRJ, Carlos Lessa, palestra no auditório do Icict

por
Rafael Cavadas
,
16/07/2008

A 'saúde e o futuro do país' foi o tema da aula do professor e economista, Carlos Lessa, para a turma de especialização em informação científica e tecnológica em saúde, dia 16 de julho, no auditório do Icict. Lessa, que foi reitor da UFRJ e presidente do BNDES, apresentou o cenário da saúde desde a constituição de 1988, quando a saúde passou a ser um dever do Estado e um direito de todos. O professor também fez uma reflexão sobre a evolução da pesquisa e seus limites éticos.

Durante sua apresentação, Lessa confessou a inspiração na revolução francesa para discorrer sobre a idéia do homem absoluto, em que a saúde e a educação são essenciais. “A saúde deve ser prioritária e não há nenhuma razão econômica para isso. A razão é muito singela: cada geração quer que a geração que a substitua seja de melhor desempenho, melhor qualidade, melhor formação, melhor informação e educação do que a própria”, diz o professor lembrando da fábula do discípulo que supera o mestre.

O professor afastou a visão do economista para não recair em dilemas de saúde ligados ao mercado. De acordo com Lessa, sob o olhar da economia, a alocação de recursos da saúde pode cair no equivoco de ser pautada por necessidades de recursos humanos. Explicando: como as doenças crônicas afetam os mais velhos, que tendem a ser a mão-de-obra mais qualificada pelo tempo de experiência, e as doenças epidemiológicas tendem a atingir aos mais jovens, que são mão-de-obra mais barata; o gestor poderia decidir por alocar o recurso de acordo com suas necessidades de preenchimento de vagas.

Ao lembrar do avanço da constituição de 1988, quando a saúde passou a ser um direito de todos os brasileiros, o professor falou sobre a fragilidade no momento da reforma sanitária, em que a saúde, a previdência e a seguridade social foram distribuídas em três instâncias diferentes. Tal decisão, na opinião de Lessa, enfraqueceu a luta por recurso para o cumprimento do direito constitucional. O professor afirmou que o Brasil gasta 4,5 vezes mais em pagamento de juros do que com a saúde da população.

Professor fala sobre pesquisa e ética

As pesquisas em saúde não devem se ater a práticas médicas e aos novos medicamentos. Segundo o professor, pesquisas relacionadas ao transito, à violência e outros fatores externos também são fundamentais para desafogar o sistema de saúde. As doenças negligenciadas foram outro ponto abordado por Lessa. Para ele, tais estudos são prioritários em países pobres e em desenvolvimento. Entretanto, o desafio para esses países é conciliar tais pesquisas com outras de vanguarda para acompanhar os avanços no mundo.

Na palestra, o professor também frisou a necessidade dos países estabelecerem objetivos estratégicos para suas pesquisas sem inibir a liberdade criativa de cada pesquisador. Para ele, a criatividade do pesquisador e sua genialidade são importantes para o progresso da ciência, mas é preciso conciliar os interesses individuais com as necessidades da sociedade.  

 

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