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Desde que o carnaval é carnaval, a saúde, direta ou indiretamente, está presente nas letras, seja na forma anárquica das marchinhas ("Milagre do Viagra"), seja por meio das campanhas do Ministério da Saúde (Campanha do Ministério da Saúde de 2012), ou dos governos estaduais (Camisinha na Folia - Carnaval 2015), ou em sambas enredo ("Muita saúva, pouca saúde, os males do Brasil são"). E na Fiocruz, que já teve seu centenário cantado na Passarela do Samba, o samba também se faz presente.
Este ano, o bloco "Discípulos de Oswaldo", do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN), vem com o samba “Pavilhão Mourisco, monumento da ciência a serviço da saúde”, de Pedro Jonas, médico aposentado da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). A sugestão do tema partiu de dois funcionários do Icict: Marcel Pedroso, coordenador do Centro de Estudos e pesquisador em saúde pública do Laboratório de Informação em Saúde (Lis/Icict), e Cláudio Folly. A sinopse do enredo ficou a cargo de Pedroso, que se baseou no livro “Vida, engenho e arte: o acervo histórico da Fundação Oswaldo Cruz”, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), que relata a história da Fundação, da Ciência e da Saúde no Brasil.
O coordenador do Centro de Estudos, que também é historiador, se inspirou no primeiro capítulo do livro da COC e fez um paralelo com o que estava acontecendo na cidade do Rio de Janeiro nos primeiros anos do século XX. “Eu quis fazer um contexto histórico, mostrando a reconstrução da cidade, as reformas urbanísticas e sanitárias, e a construção do Instituto Soroterápico Federal, que deu origem à Fiocruz”, explica. Para o pesquisador do Lis, “a construção do Castelo não foi um ato trivial, foi um ato político para dar um peso à ciência brasileira, para valorizar nossos cientistas”, ressalta.
"Salgueirense e amante do samba, Marcel Pedroso escreveu pela primeira vez uma sinopse para samba-enredo e ficou feliz por ter tido a oportunidade de pesquisar sobre a história da construção do Castelo de Oswaldo. “Ao ser convidado para desenvolver o enredo pela direção da Asfoc, eu senti que podia contribuir de uma outra forma para o SUS e para a saúde no país”, comemora. O samba-enredo escolhido por concurso no sábado (24/01), será cantado pelos puxadores oficiais do Bloco, Leonardo Bessa, Dudu Botelho e Waléria do Cavaco."
Tendo como tema de suas músicas a saúde e a Fiocruz, o bloco Discípulos de Oswaldo surgiu em 2002. Segundo um dos seus fundadores, João Carlos Borges Rolim de Freitas, o “Profeta”, o objetivo foi integrar os trabalhadores da Fiocruz com o entorno, principalmente os moradores da comunidade do Amorim. "A ideia surgiu numa confraternização no Bar do Chico, onde vários trabalhadores da Fiocruz “batiam ponto” depois do expediente", relembra. A “confraria”, nas palavras do “Profeta”, escolheu uma maneira de falar sobre saúde de uma forma irrevente. "Nesses anos já tivemos sambas que falavam sobre febre amarela, dengue, febre aftosa, SUS, meio ambiente e etc.”, explica.
O Bloco tem como característica unir representantes de várias escolas de samba em sua agremiação. Leonardo Bessa, Dudu Botelho e Waléria do Cavaco são os puxadores oficiais de samba da escola Acadêmicos do Salgueiro. O mestre Chúla, da União da Ilha do Governador, é quem cuida da bateria do Bloco e é responsável pela Oficina de Bateria, que há dois anos vem formando mão de obra para o “Discípulos”. “Essa oficina ajudou muito a formação de novos sambistas e o intercâmbio com outras agremiações”, explica Profeta. E isto se reflete no crescimento do Bloco, que antes tinha em torno de 200 integrantes e hoje já ultrapassa mil participantes, entre trabalhadores da Fiocruz e moradores da comunidade do Amorim. Aliás, apenas no Icict, entre músicos e passistas, 13 trabalhadores mostram o seu ritmo no desfile do Bloco todos os anos.
O “Discípulos de Oswaldo” desfilará nesta quarta-feira, 11/02, a partir das 17h, no Largo do Amorim, em Manguinhos.
E como samba também é uma forma de comunicação e informação, selecionamos algumas obras de carnavais passados que abordam a saúde e seus protagonistas de formas irreverente, contundente ou elogiosa. O rápido levantamento contou com o apoio do pesquisador de música e bibliotecário do INCQs, Alexandre Medeiros.
Clique nos títulos para ouvir ou ler a letra da música:
Campanhas
Carnaval e Camisinha - Ministério da Saúde (2012)
Camisinha na Folia - Campanha Camisinha na Folia, da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (2015)
Mosquito de Pijama - Raimundo Nonato (agente comunitário do Município de Niterói/RJ) (2014)
Sambas, marchinhas e axés
Lei Seca – Débora Reis (2015)
Estresse mata - Eduardo Dussek (2012)
Milagre do Viagra – Homero Ferreira e Chiquinho (2012)
Volante Com Cachaça Não Combina - Mauro Diniz e Claudio Jorge (2012)
Seu Voronoff - Lamartine Babo e João Rossi (1929)
Sambas-enredos
Imperatriz adverte: sambar faz bem à saúde! – G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense (2011)
No Embalo da Euforia, Saúde é a Nossa Fantasia – G.R.E.S. Unidos do Caldeirão – (Florianópolis/SC) (2014)
Oswaldo Cruz, a Saga de Um Herói Brasileiro – G.R.E.S. Em Cima da Hora (2009)
Oswaldo Cruz, o médico do Brasil no Palácio da Saúde – G.R.E.S. Independente de São João de Meriti (2004) – (A Escola foi campeã do Grupo C e o samba foi também apresentado pela G.R.E.S. Independente da Praça da Bandeira) (2004)
Apologia aos mestres - G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (1949) (A Escola foi a campeã do Carnaval desse ano)
Plano Salte – Saúde, Lavoura, Transporte e Educação – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira - Nelson Sargento e Alfredo Português (1950) (A Escola foi a campeã do Carnaval desse ano)
Do Barão à Fundação - G.R.E.S. Unidos do Jacarezinho (2000)
Paulo Schueler, jornalista da Assessoria de Comunicação de Biomanguinhos, também fez uma matéria sobre a "revolta sonora" na época de Oswaldo Cruz, que pode ser lida aqui. Embora as canções não sejam de carnaval, mas valem como registro do trabalho de Oswaldo Cruz. Destacamos três músicas:
Vacina obrigatória - Cantada por Mario Pinheiro (não há referência ao ano de lançamento, acredita-se que seja entre 1904 e 1905)
Rato, rato, rato - De Casemiro Rocha e Claudino Manoel da Costa, com interpretação de Claudino Manoel da Costa (1902)
Febre Amarela - Interpretada por Geraldo Magalhães (supostamente de 1913)
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
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