Papel fundamental das Ciências da Informação é debatido em colóquio

por
Rafael Vinícius
,
06/11/2008

 

A formação de pós-graduação e a pesquisa em Ciências da Informação foram o foco do primeiro dia do Colóquio Mediações e Usos de Saberes e da Informação: um diálogo França-Brasil, promovido pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz, por meio do Laboratório de Comunicação e Saúde. O debate entre franceses e brasileiros girou em torno da institucionalização dos programas de pós-graduação, de sua situação atual e das novas perspectivas de formação nos dois países. A expectativa da discussão foi intercruzar olhares a fim de promover a formação de um espaço crítico nas sociedades modernas e complexas, tomando pesquisadores e recém-doutores como seu público alvo. A primeira edição do Colóquio, realizada na Casa da Ciência da UFRJ, lança a Rede Mussi - Rede Franco-brasileira de pesquisadores em mediações e usos sociais de saberes e informação.

A evolução das Ciências da Informação no Brasil foi abordada pela pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ida Stumpf. Durante sua apresentação, Ida explicou que a pós-graduação brasileira nasceu a partir do mestrado da UFRJ, em 1970. E que, atualmente, existem dez cursos na área credenciados pela Capes, instituição do Ministério da Educação que faz a avaliação dos programas a cada três anos no Brasil.

Para a pesquisadora da universidade gaúcha, o surgimento de novos cursos será incrementado se as faculdades estimularem a titulação de seus docentes com bolsas no exterior. “Os bolsistas devem solicitar bolsas e recursos sempre”, afirmou Ida. Além disso, na visão dela, começar a investir em mais cursos de especialização será primordial. Ida ainda destacou a criação de cursos de pós-graduação na Região Nordeste do Brasil e ressaltou a necessidade da concepção de centros de estudo na Região Norte.

A pesquisadora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Rosali Fernandez, mostrou, através de tabelas, como a Ciência da Informação foi modificada com o tempo. A pesquisadora discursou sobre as propostas de revisão do tema, com a ênfase para o final da década de 90, devido à defasagem em relação à realidade e por ela ser ultrapassada em termos de categorização histórica. “O nosso objetivo é identificar e discutir sobre a Ciência da Informação (CI) usada pelas agências de fomento. Queremos mostrar como a CI se define no âmbito da gestão da informação”, destacou a pesquisadora.

A apresentação de Rosali também acentuou a necessidade de estimular a participação da sociedade científica no planejamento, na gestão e na avaliação dos programas das agências, que favorecem o acompanhamento de políticas públicas. “A ordenação e representação de áreas de conhecimento no contexto da gestão e avaliação da Ciência e Tecnologia tem importante conotação política na classificação das áreas do conhecimento”, concluiu Rosali.

Jean-Paul Metzger, pesquisador da Escola Nacional Superior de Ciências da Informação e Bibliotecas (Enssib, sigla em francês) abordou a institucionalização das ciências da informação no quadro institucional francês. Já a pesquisadora da Université Paul Sabatier Touluse III, Viviane Couzinet, abordou as formas de institucionalização de uma disciplina. “Meu trabalho é baseado na teoria da bibliologia ('bibliografias'), que tem como foco o livro e a produção escrita”, afirmou a pesquisadora francesa. Viviane ainda destacou que a linguagem documentária é um objeto de indexação e que a denominação “disciplina” não existe apenas devido à institucionalização. A bibliografia é outra ferramenta usada no trabalho da pesquisadora por ter se constituído em um banco de dados com o advento da informática.

Produção científica é debatida durante o colóquio

A pesquisadora da USP, Cristina Ortega, apresentou a corrente da documentação brasileira, que foi realizada em três momentos: “No primeiro, temos o envolvimento da Institute International the Bibliographie (IIB), com a implantação da classificação decimal universal feita por Oswaldo Cruz. O segundo momento é pautado pela presença do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), que ampliou o conceito da gestão de acervos bibliográficos. Já o terceiro, é caracterizado pela busca da cientificação dos processos e instrumentos”, explicou a pesquisadora.

Produtividade científica em programas de pós-graduação em ciência da informação no Brasil e nos EUA foi o tema da palestra do pesquisador da UFMG, Wladimir Cardoso. O professor afirmou que o objetivo do seu trabalho foi comparar a produção científica dos cinco principais programas de pós-graduação em ciência da informação nos EUA e no Brasil. “A produção dos EUA é bem maior que a do Brasil e a média de publicação deles é bem superior a nossa. A comparação dos centros existentes no país com centros de excelência estrangeiros permite identificar as limitações, além da possibilidade de propor ações de fortalecimento”, ressaltou Cardoso.
 
Os artigos científicos como meio de difusão de pesquisas foi o tema escolhido por Béatrice Begault, da Université Paul Sabatier Touluse III, para o Colóquio. Segundo Béatrice, o meio digital modificou a lógica da difusão do conhecimento e o surgimento de revistas exclusivamente eletrônicas oferece a possibilidade da obtenção de textos na íntegra pelos internautas. As necessidades de iniciativas mínimas de sensibilização sobre o acesso aberto e de melhoras na difusão das publicações eletrônicas foram o destaque da exposição da pesquisadora.

 

Comentar

Preencha caso queira receber a resposta por e-mail.

Assuntos relacionados

Colóquio firma bases de cooperação entre Brasil e França

O evento tratará das "Mediações e Usos de Saberes e Informação: um diálogo França-Brasil". O colóquio tem o objetivo de firmar bases de cooperação e intercâmbio entre pesquisadores dos dois países.

Rede Mussi começa hoje com Comunicação convidada

A pesquisadora Tâmara Egler abordará o tema “Rede e tecnologia no conhecimento do espaço”

Colóquio franco-brasileiro começa no Rio de Janeiro

O colóquio é promovido pelo Icict da Fiocruz, por meio do Laboratório de Comunicação e Saúde, e marca a implantação da Rede Franco-brasileira de pesquisadores em mediações e usos sociais de saberes e informação

Jornada da Rede Mussi começa no dia 24/10

A Jornada destina-se ao público acadêmico dos domínios das ciências da Informação, da Comunicação e da Saúde, além de outras áreas conexas

Iniciada a 2ª Jornada Científica da Rede Mussi

O evento vai até sexta-feira, 26/10, na Unirio, que fica na Av. Pasteur, 296, na Urca

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
Av. Brasil, 4.365 - Pavilhão Haity Moussatché - Manguinhos, Rio de Janeiro
CEP: 21040-900 | Tel.: (+55 21) 3865-3131 | Fax.: (+55 21) 2270-2668

Este site é regido pela Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, que busca garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral de toda obra intelectual produzida pela Fiocruz.

O conteúdo deste portal pode ser utilizado para todos os fins não comerciais, respeitados e reservados os direitos morais dos autores.

Logo acesso Aberto 10 anos logo todo somos SUS