Pesquisador do Icict integra expedição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente no interior da Amazônia

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Assessoria de Comunicação do Icict/Fiocruz com informações da Ascom ILMD/Fiocruz Amazônia
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25/09/2023


Crédito das fotos: Julio Pedrosa/Ascom ILMD-Fiocruz Amazônia

O orgulho da agente comunitária de saúde Doroteia Cavalcanti Martins, moradora da comunidade Boca de Mamirauá, no município de Tefé, a 540 quilômetros de Manaus, é simbólico. Ela se orgulha de ter vacinado todos os moradores do local e afirma cuidar das 115 pessoas que integram as 23 famílias residentes na área, sobretudo depois da pandemia de Covid-19. O local onde vive Doroteia deu origem à atual Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, e foi uma das comunidades que recebeu a expedição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma) no início de setembro. Criada em 2001, a Olimpíada é um programa educativo bienal promovido pela Fiocruz para estimular o desenvolvimento de atividades interdisciplinares nas escolas de todo o país.

Ao longo de uma semana, por meio de parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), uma equipe de pesquisadores e bolsistas, percorreu comunidades e estabeleceu contato com professores, gestores e alunos de escolas rurais e indígenas situadas nas calhas dos rios Tefé e Solimões, por meio de palestras, rodas de conversa, dinâmicas em sala de aula e visitas técnicas.  

A equipe, chefiada pela coordenadora nacional de Divulgação Científica da Fiocruz e coordenadora geral da Obsma, Cristina Araripe, contou com a participação do pesquisador Carlos José Saldanha, do Laboratório de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (LICTS/Icict). Para Saldanha, iniciativas como a Olimpíada da Fiocruz são excelentes ferramentas de popularização da ciência.  

“A Olimpíada é uma grande chance que temos de popularizar informações, indo direto na base da pirâmide da educação nacional, que são as escolas. É lá que divulgamos valores, conceitos, os princípios e os fundamentos do SUS, onde difundimos o papel da Fiocruz. Com isso, fazemos com que a juventude tenha uma visão ampliada sobre o que é saúde e o que é meio ambiente”, explica o pesquisador. 

Em Tefé, Saldanha desenvolveu ações educativas com alunos de comunidades periféricas e ribeirinhas junto com a coordenadora pedagógica do Projeto Alunos em Ação, Thatiana Victoria Machado. Por meio de jogos, dinâmicas de perguntas e respostas e palestras sobre temas como o papel da Fiocruz, acesso à saúde, direito à cidadania e a Agenda 2030 dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), os pesquisadores puderam tirar dúvidas e vivenciar a realidade dos jovens ribeirinhos.  

Tratar a saúde com uma visão simplória de que é apenas ausência de doença não é mais aceitável, ressalta o pesquisador. “Falta de saúde é falta de transporte, de moradia adequada, destruição do meio ambiente. Na estratégia de comunicação que adotamos com os estudantes, visamos que esse conceito seja inoculado, tal qual uma vacina, no corpo desses jovens. Esperamos que eles possam refletir sobre o exercício da cidadania, fazer cobrar de quem é de direito o acesso à saúde. Cabe aos jovens cidadãos que estão se formando empreender ações para que os verdadeiros responsáveis pelas políticas públicas pratiquem aquilo que é correto”.

Ele também defende a participação dos pesquisadores da área da saúde da Fiocruz no processo de formação educativa da Olimpíada. “É um desafio. Pesquisador que não faz isso, perde a oportunidade de democratizar o conhecimento do que ele produz. Não basta só escrever um artigo de divulgação científica de duas laudas, a garotada não lê. O contato direto faz toda a diferença. O Brasil carece desse esforço, sobretudo agora, com todo o movimento negacionista que o Brasil vivenciou e continua vivenciando com os ataques às vacinas”, finaliza.

Oficinas pedagógicas ajudam a popularizar Olimpíada pelo interior do país

A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente esteve no Amazonas entre 28/8 e 4/9. Esta foi a primeira expedição à Amazônia após a pandemia, com a finalidade de dar continuidade ao trabalho de interiorização da Olimpíada na região Norte por meio de oficinas pedagógicas. Apenas em Tefé, a rede pública municipal possui 14 mil alunos, distribuídos em 88 escolas, sendo 69 na zona rural e 16 indígenas.  

Uma das escolas municipais indígenas, a Santa Cruz, localizada na comunidade Nova Esperança, teve o professor Genival Júnior da Silva, da etnia maiuruna, presente nos quatro dias de oficinas. Genival leciona História, Ensino Religioso e Artes aos cerca de 200 alunos do 6⁰ ao 9⁰ ano da comunidade e pretende inscrever um projeto na Obsma, junto com seus alunos. "É a primeira vez que tenho contato com a Olimpíada da Fiocruz e quando voltar para a sala de aula quero motivar os alunos e despertar o interesse nos demais professores da escola para desenvolver propostas de projeto”, afirma. Uma das pretensões do professor é elaborar projeto voltado para o reavivamento das línguas nativas, que ele considera o maior desafio da educação escolar indígena na atualidade.

As oficinas pedagógicas realizadas em Tefé, na sede do Instituto Mamirauá, conseguiram reunir 92 professores de diferentes localidades do município. Paralelamente, a ação educativa voltada para os alunos, desenvolvida por Saldanha e outros pesquisadores, contemplou 1.100 estudantes do Ensino Fundamental e Médio das redes municipal e estadual de ensino. A finalidade é despertar no jovem a curiosidade pela Ciência, por meio de palestras, jogos e dinâmicas em sala de aula.  
 

Essas foram as primeiras de uma série de oficinas que deverá ocorrer em estados da Região Norte até o final do ano. “A falta de recursos e a dificuldade de acesso à internet são fatores limitantes para os estudantes que vivem no interior da Amazônia, daí a importância desse contato presencial da Obsma, com professores, alunos e comunitários vivenciando as suas realidades e incentivando a participação deles na Olimpíada”, observa a coordenadora geral, Cristina Araripe. Este ano, a Obsma entra na sua 12a edição, desde que foi lançada em 2001. Os projetos concorrem em pé de igualdade com escolas de todo o país.

📝 Leia a cobertura completa da expedição na reportagem do ILMD-Fiocruz Amazônia

As oficinas de Tefé contaram com o apoio do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura (Semeec) e Coordenação da Secretaria de Estado da Educação de Tefé. As atividades foram seguidas de rodas de conversa com temas como Popularização da Ciência, Gravidez na Adolescência, Alimentação Saudável, Vacinação e Vacinas, Saneamento Básico, além das orientações sobre como elaborar projetos de Produção de Texto, Produção Audiovisual e Projetos de Ciências, que são as modalidades da Obsma.  

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