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O debate em torno do acesso aberto à informação e seus avanços dentro e fora do Brasil marcaram 2024 no Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz). As celebrações pelos 10 anos da Política de Acesso Aberto da Fiocruz tomaram grande parte do calendário ao longo de todo o ano com uma série de eventos e atividades. A Política foi institucionalizada em abril de 2014, e vem se consolidando desde então como um importante mecanismo para garantir à sociedade o acesso gratuito, público e aberto ao conteúdo integral da obra intelectual produzida pela Fundação. Ao longo de 2024 houve uma extensa programação especial de conversas, encontros e seminários, além do lançamento de um selo comemorativo (foto), mobilizando toda a comunidade Icict no debate sobre o tema.
Principal instrumento da Política de Acesso Aberto da Fiocruz, o Repositório Institucional Arca ultrapassou, em 2024, a marca de 61 mil documentos hospedados na plataforma – entre teses, dissertações, artigos científicos, manuais, livros etc. Uma das inovações lançadas este ano é a funcionalidade que possibilita a navegação a partir de termos relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU para a Agenda 2030. A iniciativa, inspirada pela realização da reunião do G20 no Rio de Janeiro, em novembro, deixou a busca mais ágil e precisa.
A Portinho Livre, outra iniciativa em acesso aberto coordenada pelo Icict, realizou a 2ª edição do Concurso Portinho Livre de Literatura Infantojuvenil. Desta vez, os adolescentes entre 13 e 16 anos puderam escrever sobre o que devemos aprender com os povos das florestas para lidar com o colapso climático. O tema foi inspirado no livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, do filósofo e líder indígena Ailton Krenak. A estudante Karolina Rosa de Oliveira, 15 anos, de Anápolis (GO), foi a primeira colocada. Ela ganhou como prêmio um cartão-presente de R$ 1 mil e uma viagem para o Rio de Janeiro, para participar da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) da Fiocruz. Assim como em 2023, os 30 melhores textos vão integrar um livro, a ser publicado pelo selo Portinho Livre.
Dois mil e vinte quatro foi um ano de outras duas importantes celebrações no Icict: o Observatório de Clima e Saúde e o Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) completaram 15 anos de atividades.
Ligado ao Laboratório de Informação em Saúde (LIS) do Icict, o Observatório foi criado em 2009 com o objetivo de reunir e analisar dados gerados por diferentes instituições, a fim de relacionar as mudanças climáticas e ambientais com a saúde. Para lembrar a trajetória do projeto e celebrar as parcerias que estiveram junto nessa jornada, foi realizado o seminário Clima e Saúde: olhares no presente em direção ao futuro, em que pesquisadores, gestores e convidados debateram sobre os principais temas de interesse do Observatório.
▶️ Confira o vídeo dos 15 anos do Observatório de Clima e Saúde
Os efeitos cada vez mais intensos das mudanças climáticas reforçaram ao longo de 2024 a importância do trabalho realizado pelo Observatório. Prova disso é que o projeto deu um importante apoio na tomada de decisões de gestores e voluntários durante as enchentes que afetaram o Sul do país, em maio, ao disponibilizar dados e mapas interativos de forma rápida e consistente. Os levantamentos indicaram, por exemplo, que o desastre climático atingiu mais de 3 mil estabelecimentos de saúde em todo o Rio Grande do Sul e impactou de alguma forma mais de 2,5 milhões de pessoas.
Outra importante ação do Observatório em 2024 foi o lançamento de um painel onde é possível acompanhar a evolução dos eventos climáticos extremos pelo país. A plataforma mostra como eles estão se tornando mais frequentes e mais intensos e também auxilia gestores de todo o país a tomar decisões preventivas.
O PPGICS também completou 15 anos celebrando sua história e os diversos nomes que a tornaram possível. Durante a 6ª Jornada Discente, em agosto, que contou com uma programação em parceria com o Icict e com os discentes do programa, foram realizadas homenagens, debates, mesas redondas e atividades culturais. Na mesa especial destinada a lembrar a história do Programa estiveram reunidos o então coordenador, Igor Sacramento, e os ex-coordenadores: Cristina Guimarães, Dalia Romero, Inesita Soares de Araujo, Janine Miranda Cardoso, Josué Laguardia, Katia Lerner, Paulo Roberto Borges e Wilson Borges.
PPGICS presta homenagem a ex-coordenadores durante Jornada Discente. Foto: Raquel Portugal (Multimeios/Icict)
Figura fundamental na criação do PPGICS, a ex-diretora do Icict, Ilma Noronha, também foi homenageada nas comemorações pelos 15 anos do Programa.
Formada em Biblioteconomia, ela teve atuação marcante nas áreas de informação da Fiocruz e foi uma das idealizadoras do Ensino do Instituto. Ao lado do marido, Rômulo Noronha, foi uma incansável lutadora e militante pela democracia, pelos Direitos Humanos e contra a repressão.
Ilma faleceu no dia 23 de março deste ano. Antes de seu falecimento, no entanto, a ex-diretora do Icict recebeu uma emocionante homenagem: um painel com uma ilustração de seu rosto recebe alunos e visitantes no Pavilhão de Ensino Ilma Noronha, no quarto andar do Campus Maré.
Inauguração do painel no Pavilhão de Ensino Ilma Noronha, campus Maré. Foto: Raquel Portugal (Multimeios/Icict)
Já o Dicionário de Favelas Marielle Franco completou cinco anos de atividades contabilizando mais de dois mil verbetes cadastrados, tendo cerca de 1.400 colaboradores(as) que escrevem sobre diferentes temáticas. Para além dos conteúdos disponíveis na plataforma, o Dicionário segue realizando oficinas, grupos de estudo, ciclos de debates e cursos de formação, visando a ampliação do acesso a tecnologias e saberes que permitam que todos(as) sejam capazes de contar e preservar suas memórias.
Uma das iniciativas lançadas este ano para marcar os cinco anos do Dicionário foi o projeto "Memória Viva", que reúne entrevistas em vídeo com lideranças comunitárias de favelas do estado do Rio de Janeiro. Apresentado por Mônica Francisco, referência histórica do Morro do Borel, cada episódio traz uma conversa em que moradores revivem memórias do passado, ao passo que analisam o presente e imaginam o futuro das favelas.
A VideoSaúde Distribuidora reforçou seu papel de produtora e disseminadora de produções audiovisuais que tenham a saúde coletiva e o trabalho do SUS como tema. No dia 19 de abril (Dia dos Povos Originários) houve o lançamento do documentário “Xawara e Saúde”. Realizado em 2023 no Território Yanomami e na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanonami (Casai-Y), em Boa Vista (RR), o documentário acompanha as ações de assistência à saúde contra a “xawara” (doença), com depoimentos de lideranças indígenas e profissionais de saúde em meio à crise de sanitária yanomami. O filme estreou no canal da VideoSaúde no YouTube e, cerca de um mês depois, foi lançado na TVE Bahia. Houve ainda uma sessão aberta ao público e gratuita no Centro de Recepção do Museu da Vida, em maio.
▶️ Xawara e Saúde: confira a playlist completa
Exibição de "Xawara e Saúde" aberta ao público na Fiocruz. Foto: Raquel Portugal (Multimeios/Icict)
Além do lançamento marcante, a distribuidora também comemorou em 2024 a marca de 500 obras no acervo da Plataforma de Filmes em Acesso Aberto da VideoSaúde.
O trabalho da VideoSaúde em preservação digital, tema cada vez mais necessário para quem trabalha com audiovisual, foi reconhecido internacionalmente. A distribuidora teve um trabalho aprovado para a publicação nos dois principais eventos internacionais da área: na 55ª Conferência Anual da IASA, de preservação audiovisual, e na 20ª edição da Conferência Internacional sobre Preservação Digital (iPRES).
Já a série “Vozes da Saúde” chegou a 107 episódios, apresentando experiências e serviços de saúde pública e coletiva. Produzida pela Plataforma IdeiaSUS Fiocruz e a VideoSaúde Distrubuidora, reúne retratos de lutas, desafios, criatividade, compromisso, avanços, medos e alegrias de trabalhadores e trabalhadoras do SUS e da sociedade civil organizada.
O fortalecimento da participação social – um dos pilares do SUS – foi o foco central de dois projetos de destaque que contaram com o envolvimento do Icict em 2024. Lançado em setembro, o Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde (MapaMovSaúde) é uma parceria entre o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a Fiocruz, por meio do Instituto. Trata-se de uma plataforma online que permite que movimentos sociais registrem e atualizem suas histórias e demandas de saúde, utilizando fotos, vídeos e informações de contato. Atualmente contabiliza cerca de 500 movimentos cadastrados. A iniciativa foi tema de roda de conversa com a participação de representantes da Fiocruz e de movimentos da sociedade civil durante o G20 Social.
Também em uma parceria com o Ministério da Saúde, o Icict lançou, em junho, o Mapa de Potencialidades Periféricas. A ferramenta, desenvolvida pelo Observatório de Clima e Saúde, reúne informações de mais de 10 mil periferias urbanas de todos os estados brasileiros com o objetivo de compartilhar as estratégias de enfrentamento às vulnerabilidades dos territórios e incentivar a disseminação de experiências positivas desenvolvidas nas comunidades periféricas.
O ano de 2024 também reservou reconhecimento do trabalho realizado na unidade. A tese Quem consome fake news consome fake news? Os usos e sentidos atribuídos à ciência e ao jornalismo em canais sobre covid-19 no Telegram, de Ana Carolina Pontalti Monari, foi a vencedora do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2024 na categoria Ciências Humanas e Sociais. Igor Sacramento e Hully Falcão foram os orientadores da pesquisa.
A aluna de mestrado do PPGICS, Maíra Menezes Gondim, recebeu Menção Honrosa no Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela - 2024 pela dissertação Ciência na televisão durante a pandemia de covid-19: análise da cobertura sobre as vacinas em Fantástico e Domingo Espetacular. Já Jânio Gustavo Barbosa conquistou a menção honrosa do Prêmio EBBC 2024 de melhores Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, com o trabalho Infraestrutura de informação na fronteira entre saúde e direito: ampliando o diagnóstico da judicialização no Brasil.
O Icict iniciou e encerrou o ano falando sobre a importância dos afetos. Em abril, o filósofo Renato Noguera, pesquisador e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), foi o convidado da aula inaugural do Instituto, realizada na Biblioteca de Manguinhos com a presença de estudantes e trabalhadores. Noguera propôs um diálogo sobre as potencialidades de um ambiente educacional e de produção do conhecimento em ciência e saúde mais solidário e permeado por relações de afetos.
▶️ Assista à aula inaugural de Renato Noguera
Renato Noguera na aula inaugural do Icict de 2024. Foto: Raquel Portugal (Multimeios/Icict)
A importância de um olhar humanista para retratar em imagens aqueles que lutam para sobreviver foi a tônica da palestra do fotojornalista João Roberto Ripper no evento de lançamento do projeto de preservação e disseminação do seu acervo fotográfico, em dezembro. Os registros feitos ao longo de 50 anos de carreira de Ripper estão recebendo tratamento e vêm sendo disponibilizados em acesso aberto e gratuito ao público na plataforma Fiocruz Imagens. Realizado em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, o lançamento marcou o encerramento das atividades institucionais do Icict em 2024 e reforçou a importância do debate em torno da luta por direitos.
➡️ Acervo João Roberto Ripper na plataforma Fiocruz Imagens
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
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