ICICT | Fiocruz - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

Para compartilhar e discutir experiências de sucesso voltadas para a saúde e o envelhecimento no Brasil, o Icict realizou na manhã de 15 de abril, quarta-feira, o seminário ‘Mapeamento de experiências municipais e estaduais no campo do envelhecimento e saúde da pessoa idosa’, reunindo profissionais de saúde, pesquisadores e gestores em torno desse tema. As experiências e boas práticas apresentadas fazem parte do novo site Saúde da Pessoa Idosa, lançado durante o evento, que também compõe a comemoração dos 29 anos do instituto.

Criado a partir de uma parceria entre a Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde (COSAPI) e do Laboratório de Informação em Saúde (LIS), que coordena o Sistema de Indicadores de Saúde do Idoso (SISAP-Idoso), o site agrega 24 experiências realizadas nos últimos anos em todo o país que demonstram como serviços de saúde e outras iniciativas de cuidado ou atenção à população idosa vêm obtendo bons resultados. Entre 2013 e 2014, 177 projetos se inscreveram no mapeamento.

Umberto Trigueiros e Dalia Romero com as equipes do MS e das Experiências Exitosas apresentadas no Icict

“Essa experiência possibilita conhecer que resposta os gestores e profissionais que estão nas pontas já vem dando há muito tempo e, às vezes, não são conhecidas nem mesmo pelos municípios vizinhos, que podem passar pelas mesmas questões e demandas. Essa possibilidade de conhecer, divulgar e fomentar essa troca de experiência tem feito muita diferença na qualificação do cuidado à população idosa que a gente oferta no Brasil como um todo”, afirmou Cristina Hoffman, do Ministério da Saúde, durante a mesa de abertura.

“O mapeamento é um trabalho que tem a ver diretamente com o posicionamento da Fiocruz voltado ao acesso livre e à prestação de contas à sociedade, que fortalecem o controle social e a melhoria da gestão em saúde”, comentou Dalia Romero, coordenadora geral do projeto. O desenvolvimento da plataforma objetivou um design amigável e facilidade de navegação. “A idéia foi dar uma forma gráfica para a pesquisa e facilitar sua divulgação. É possível também compartilhar direto para as redes sociais”, explicou o desenvolvedor Pedro Teixeira, do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (CTIC/Icict).

“A identificação de boas práticas e sua disseminação tem importante papel de qualificar e aperfeiçoar a gestão em saúde da pessoa idosa”, afirma Cristina Lobo, coordenadora pela COSAPI do processo de mapeamento e sistematização de experiências exitosas. Segundo a coordenadora, os critérios para seleção das experiências exitosas foram: alinhamento com diretrizes do SUS, Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e Diretrizes para organização da Rede de Atenção à Saúde, tem caráter inovador e potencial para ser reproduzido em outras realidades.

O site com as 24 experiências selecionadas e premiadas em 2013 e 2014, além de todas as práticas enviadas a coordenação, podem ser acessadas no site Saúde da Pessoa Idosa. A edição 2015 está prevista para abertura de inscrições em agosto, o cronograma final e as formas de inscrição serão divulgados pelo site.

Acompanhamento e mediação de conflitos estão entre os temas

As experiências apresentadas incluem grande diversidade de demandas sociais, indo desde o acompanhamento do idoso à mediação de conflitos familiares ou comunitários. O Programa Acompanhante de Idosos (PAI), realizado pela Secretaria de Saúde da Cidade de São Paulo e instituições parceiras, implementou uma importante política de apoio à população idosa na capital paulista. “Os serviços não conseguem acessar uma grande parcela da população idosa que mora sozinha ou vive em dependência funcional e condições de mobilidade reduzida. Por isso, o programa capacita acompanhantes para atenderem nos locais onde residem”, detalhou Sérgio Paschoal, da área técnica da saúde da pessoa idosa de São Paulo.

Outra iniciativa da mesma região foi o projeto Carta ao Amigo, que surgiu no âmbito do programa anterior. Um grupo de idosos foi convidado a trocar correspondências com outros beneficiários, ao longo de um ano, com o apoio dos profissionais acompanhantes. “Isso visa a promoção da saúde e do envelhecimento ativo, além de fortalecer a memória, a leitura e a escrita, numa perspectiva funcional”, explicou Evelyn Miranda, organizadora do projeto. Ao final, os correspondentes se encontraram pessoalmente. “ O papel dos acompanhantes foi fundamental em todas as etapas do projeto. Idosos que estavam isolados ganharam a expectativa do novo”, completou.

Do Rio Grande do Sul, Priscila Lunardelli  apresentou um projeto voltado ao enfrentamento do HIV e Aids entre a população idosa. “Muitas vezes é considerado tabu, porque a sexualidade do idoso é invisibilizada na nossa sociedade”, afirmou. O projeto capacitou profissionais e agentes de saúde e idosos em 17 municípios para alertar e promover a prevenção do sexo seguro. “Muitos resistem à ideia de que a população idosa também vive sua sexualidade”, complementou.

Já o Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso, do Rio de Janeiro, propõe metodologia participativa centrada nos conflitos, que podem ocorrer no seio da família ou da comunidade onde vive o idoso, indo desde a questões como herança, a divisão de tarefas no cuidado, entre outras. “Profissionais conheceram a metodologia de mediação de conflitos, com o objetivo de qualificar a atenção à saúde”, contou Germana Perissé, gerente de atenção à saúde do idoso no município.

Representantes de experiências Carta ao Amigo e Programa de Acompanhante de Idosos, da cidade de São Paulo.
Foto: Raquel Portugal/Fiocruz Imagens.

Icicit: 29 anos

Convidados parabenizaram o Icict pelos serviços prestados à informação e comunicação e saúde ao longo de sua trajetória. “Para a gestão é muito importante essa aproximação acadêmica e a construção de parcerias como essa”, afirmou Cristina Hoffman.

O diretor do instituto, Umberto Trigueiros, destacou a escolha do seminário como momento relevante para a data comemorativa. “Os 29 anos do icict não poderiam passar em branco, então escolhemos uma atividade que estava na fronteira do que fazemos exibindo as boas práticas. Temos trabalhado aqui com desafios de conhecer os sistemas de informação, de contestar abordagens e buscar avanços com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos idosos e essa parceria é muito importante para nós. Tem tudo a ver com a nossa relação com o SUS”, enfatizou.