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O projeto “Memórias da Saúde Mental: Cultura, Comunicação e Direitos Humanos”, do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas – Nusmad, que acontece atualmente (2024-27) vinculado a uma meta de atividades descentralizadas do DESMAD, que integra a Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, produz e difunde acervo multimídia de testemunhos da Reforma Psiquiátrica Brasileira e, assim, lança luz nos processos de desinstitucionalização consolidados por meio da Rede de Atenção Psicossocial no Brasil.
O acervo qualitativo de pesquisa consolidado por uma série de expedições de registros de vídeo e fotografia originou a websérie “Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira”, produzida em parceria entre Nusmad (Fiocruz Brasília) e TV Pinel, com histórias reveladoras da humanidade que a Reforma Psiquiátrica apostou e construiu no Brasil, com depoimentos de usuários egressos de longas internações e trabalhadores. Seus primeiros episódios foram compostos durante a pandemia de Covid-19 e são parte da produção audiovisual do canal “Morar em Liberdade” e já estão disponíveis em todos os canais de comunicação e acervos de Ciência Aberta da Fiocruz.
O ciclo de produção audiovisual 2024 do conjunto “Morar em Liberdade” começou com o 4º episódio da websérie, “Trabalhadoras da Saúde”, lançado em 30 de junho, e traz agora “Trabalhadas no afeto”, lançado em celebração ao Dia Mundial da Saúde Mental. Os dois curtas entram em cartaz esse mês no canal VideoSaúde, distribuidora oficial de vídeos da Fiocruz, nas redes sociais da Fiocruz e do Projeto.
“Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira: Trabalhadoras da Saúde” trouxe o foco para a assistência de base territorial, com três mulheres que contam os esforços cotidianos da transição ocorridos nos municípios de Barbacena (MG - 2000, por Leandra Vidal), Paracambi (RJ - 2012, por Oliésia Esteves) e Juiz de Fora (MG - 2013, por Rosane Jacques).
Frame do documentário "Trabalhadoras da Saúde" | Na imagem acima, Oliésia (trabalhadora da saúde mental) e usuárias, Leandra e Rosana
Leandra, Oliésia e Rosane nos falam sobre as mudanças materiais, culturais e subjetivas no âmbito social e sobre a tessitura de tramas de acolhimento, dignidade, respeito e garantias de direitos que exigia uma sustentação diária. Por seus relatos, lembramos que a Reforma acontece no mundo real pelo empenho das pessoas reais, envolvidas, desejosas de dias melhores. Essas três trabalhadoras mostram consonâncias em muitas dificuldades, mas também em sucessos, crescimentos e inspirações. Mostram que a “produção de vida” em liberdade é obra de persistência, afeto e coragem que ultrapassa a noção de “cura”, ampliando possibilidades de invenção da saúde de forma singular na conquista da autonomia e da contratualidade social.
A partir desta temporada, vamos apresentar mais 3 episódios que mostram a interação que gerou vínculos fortes entre trabalhadores e usuários em marcas de mão dupla de histórias de vida. “Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira: Trabalhadas no afeto” narra encontros de pessoas que são movidas além do trabalho prescrito, encontros que lhes tornam mais humanas, que despertam confiança e reciprocidade em escuta atenta por caminhos singulares de cuidado em liberdade.
Frame do documentário "Trabalhada no afeto" | Na imagem acima, Shirley (usuária)
Fernanda Severo, historiadora e coordenadora do Projeto, esclarece que o primeiro episódio deste novo conjunto de histórias traz Oliésia e Shirley em uma relação construída por décadas nos territórios de Saúde Mental de Paracambi (RJ). Essas duas mulheres negras, nascidas no mesmo ano (1967) e pertencentes aos territórios periféricos do Rio de Janeiro, mostram que é possível, a partir do respeito ao desejo do outro e dedicação, inventar um jeito diferente de viver mesmo após uma longa privação de autonomia e contratualidade social. O chão da vida do hospital psiquiátrico e a ousadia de reinventar suas histórias pessoais em prol de nova existência foi o que lhes uniu. Histórias que se entrelaçam pelo "amor como ato político", Políticas Públicas que tornaram possível sonhar com casas fora dos muros dos hospitais e com a conquista da cidade.
O novo ciclo deste projeto de ciência, arte e comunicação pela Saúde Mental e pela Reforma Psiquiátrica Brasileira é pensado e produzido por um coletivo tecido entre Brasília e Rio de Janeiro. Coletivo de historiadores, psicólogos, jornalistas, profissionais de audiovisual e fotografia, artistas visuais e do têxtil que bordam com a “agulha do real”. Pesquisadores e usuários estreitam ainda mais o convívio, inaugurando novos formatos expressivos e ações comunicacionais sobre a História do Tempo Presente do cuidado em liberdade.
Os documentários da série “Retratos da Reforma Psiquiátrica” integram o acervo da Plataforma de Filmes em Acesso Aberto VideoSaúde, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict)/Fiocruz, a Fioflix. A série retrata distintas realidades associadas aos desafios da Reforma Psiquiátrica, lançando luzes sobre projetos e personagens distintos. Para acessar, clique aqui ou no link: https://tinyurl.com/videosaude-fioflix
Imagem: Bandeira verde com os dizeres "Liberdade é o melhor cuidado" | Autor: Andre Antunes - EPSJV Fiocruz
Pesquisa de vertente sócio-histórica longitudinal, iniciada em 2017, que prioriza os dispositivos das políticas públicas contemporâneas de Saúde Mental em suas múltiplas interfaces com a garantia de Direitos Humanos. Configura-se como um projeto interdisciplinar de resgate, guarda e difusão de histórias de vida da Reforma Psiquiátrica Brasileira que inclui histórias de si e narrativas dos formuladores e gestores de políticas públicas, trabalhadores da atenção psicossocial, representantes do legislativo, do executivo federal, dos movimentos sociais e usuários da Saúde Mental. Como experiência comunicacional da ciência, consolida um acervo histórico de pesquisa qualitativa sobre políticas de Saúde Mental, especificamente os desdobramentos históricos da Reforma Psiquiátrica Brasileira (1991-2023). Atualmente tem acervo de cerca de 40 horas de documentação audiovisual, com entrevistas realizadas entre 2017 e 2019 com ex-internos e trabalhadores da Atenção Psicossocial de Juiz de Fora (MG), Barbacena (MG) e Paracambi (RJ) e com gestores, formuladores e trabalhadores das políticas públicas de Saúde Mental.
Seu banco de dados multimídia, desde 2020/2, é depositado em repositório institucional (Ciência Aberta) no Arca Dados da Fiocruz, sendo a primeira pesquisa qualitativa da área inserida em repositório de Ciência Aberta. Esta ação fomenta diálogos em comunidades técnico-científicas e em disciplinas do Mestrado em Políticas Públicas em Saúde da Escola de Governo Fiocruz.
Além da websérie, tem entre suas ações comunicacionais a Linha do Tempo da Reforma Psiquiátrica Brasileira; a Instalação artística “Morar em Liberdade - Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira”, e uma linha editorial multimídia.
Playlist da Websérie no Canal “Morar em Liberdade” (Todos os episódios em português e as versões em inglês e italiano)
Websérie Retratos da Reforma Psiquiátrica Brasileira
Acervo em Ciência Aberta (Arca Dados Fiocruz)
Memórias da Saúde Mental (Nusmad) no Arca Dados
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)
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