Seminário sobre imagem e memória marca os 23 anos da VideoSaúde

por
Jamile Chequer
,
23/05/2011

Na ultima sexta-feira (20/5), a VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz comemorou 23 anos de atividades. O público, que lotou o auditório do Icict, participou de debates sobre dois temas relevantes para a distribuidora: a indexação de imagens em movimento e a recuperação física de materiais obsoletos, ou em condições ruins de apresentação.

O programa do encontro, promovido pelo Núcleo de Estudos de Audiovisuais em Saúde (Neavs) da distribuidora, incluiu duas palestras. A primeira, “Princípios de Indexação de Imagens em Movimento para o Acesso ao seu Conteúdo”, foi proferida por Rosa Inês Novaes Cordeiro, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). Na parte da tarde, Rosinalva Alves de Souza, pesquisadora do Laboratório de Informação Científica e Tecnológica em Saude (Labicities/Icict), ministrou a palestra “Educação Sanitária em 16mm: Memória Audiovisual da Fundação SESP - Serviço de Saúde Pública”. Ambas avaliaram a imagem e a memória como elementos essenciais para o acesso à informação.

Na opinião de Rosa Inês Novaes, a maior parte das pesquisas sobre indexação aponta para a maneira como as pessoas selecionam a imagem, o que querem, ou por que decidem por uma imagem, em detrimento de outra. E poucas avaliam a imagem em movimento, o que revela a importância dessa discussão trazida pela VideoSaúde.

Para a professora, a indexação é uma forma de garantir o acesso à informação, um processo importante para a divulgação de trabalhos, pesquisas e informações relevantes. “A indexação contribui para que as pessoas sejam informadas sobre o que é realizado na Fiocruz e seu investimento em saúde pública, por exemplo. Quanto mais acervos forem disponibilizados, mais facilmente as pessoas vão chegar a esse material e entender sobre saúde. Isso é fundamental”, enfatiza.

Segundo Rosa Inês, a indexação de imagens é uma especialidade da Ciência da Informação e deve ser compreendida dentro de um processo comunicacional sempre em mudança. "Trata-se de um trabalho minucioso, que requer experiência e entendimento sobre os aspectos culturais e simbólicos do usuário e a conexão que ele faz entre a imagem e sua interpretação", complementa.

A coordenadora da VideoSaúde,Tânia Santos, corrobora a fala de Rosa Inês. Segundo ela, o principal elemento do processo de indexação é a subjetividade. “Esse debate é importante para o Repositório Institucional da Fiocruz (Arca), a bibliotecas da Fundação e a VideoSaúde, que realizam trabalhos de digitalização de material com a adoção de novas tecnologias".

Resgate da história

Na palestra da tarde, intitulada “Educação Sanitária em 16mm: Memória Audiovisual da Fundação SESP - Serviço de Saúde Pública”, a pesquisadora Rosinalva Alves de Souza falou sobre a recuperação do acervo da Fundação Sesp, criada em 1942 como instituição pública de direito privado, com apoio da Fundação Rockfeller, e que contribuiu para o desenvolvimento de estratégias de intervenção sanitária no Brasil.

Segundo Rosinalva Alves, que pesquisou os filmes sobre as campanhas sanitárias da Fundação Sesp das décadas de 1940 a 1970, a maior motivação da pesquisa foi o fato de poder trabalhar com  um material pouco divulgado e que representava um momento histórico das políticas de saúde pública do país. “Recuperamos essa informação, esse período da história que poucas pessoas conheciam, e acho que o trabalho está aí para mostrar que a memória é importante. Saber da existência desse material, poder recuperar essa informação sobre uma temática trabalhada na Fiocruz foi motivador”, afirma.

De acordo com Rosinalva, infelizmente apenas 40% do material pôde ser recuperado, dadas as condições físicas em que se encontravam. Mas a riqueza é incontestável, uma vez que já apresentavam técnicas como animações e cartoons. Um dos filmes exibidos na palestra, intitulado “O Mal do Caramujo”, sobre esquissotomose, utiliza linguagem aproximada das produções atuais da Fiocruz, com formato e processos parecidos.

“O processo de pesquisa revelou que o audiovisual foi utilizado como estratégia para se criar proximidade com um público iletrado, que teria mais facilidade para entender melhor a mensagem através de animações”, revela. Segundo Rosinalva, o material era levado para as cidades e apresentado em grandes mostras. “Era um trabalho de prevenção em saúde, como as campanhas hoje realizadas pelo Ministério da Saúde”, conta. A Fundação Sesp também produziu cartazes para campanhas sanitárias.

A pesquisa rendeu frutos importantes, entre eles a recuperação de mais de 10 filmes; a produção de um catálogo, a partir do original datado de 1976, no qual são disponibilizadas informações técnicas dos filmes e da pesquisa; a criação de uma comunidade virtual para estimular o debate sobre a preservação da memória do audiovisual em saúde e a disponibilização do material recuperado no Arca. "Como resultado, fica reafirmada a necessidade de se investir na memória audiovisual da saúde, sem dúvida um rico campo de investigação", completa Rosinalva Alves.

Para a vice-diretora de Informação e Comunicação do Icict, Maria Cristina Soares Guimarães, os debates comemoram os 23 anos da VideoSaúde, mas também apontam para os desafios colocados para a distribuidora. “A VídeoSaúde é uma 'instituição' pelo seu valor, sua cultura. Desejo muitas outras décadas para todos nós”, brinda Cristina.

Ao final do encontro, o coordenador de imagem da VideoSaúde, Pauliran Freitas, autografou o livreto "A VideoSaúde em cordel: história de seus filhos", contando, com muita criatividade e humor, a história da distribuidora, a partir da citação dos nomes de cada funcionário da casa.

 

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