Diretor de Avaliação da Capes fala sobre processo de análise dos cursos

por
Cristiane d'Ávila
,
18/08/2010

Terminou, na sexta-feira (13/8), a quarta e última semana de atividades da Avaliação Trienal 2007-2009 da Capes. Ao longo de quatro semanas, cerca de 900 consultores participaram do processo de avaliação de 2.900 programas de pós-graduação (4.300 cursos) de todo o país. Em entrevista ao portal Capes, o diretor de Avaliação, Livio Amaral, falou sobre o processo de análise dos cursos, cujos resultados estão previstos para serem divulgados no dia 13 de setembro e fornecerão subsídios para a definição de planos e programas governamentais de desenvolvimento e investimentos no Sistema Nacional de Pós-Graduação.

A Diretoria de Avaliação (DAV) é responsável pelo Sistema de Avaliação da Pós-Graduação, implantado em 1976 e que cumpre papel fundamental para o desenvolvimento da pós-graduação e da pesquisa científica e tecnológica no Brasil.

Hoje (13/8) é o último dia da participação dos consultores na avaliação trienal. Qual a análise do senhor a respeito da Avaliação Trienal 2010?

A avaliação incluiu cerca de 900 consultores que trabalharam sobre os 2.900 programas de pós-graduação distribuídos em 46 áreas do conhecimento. Esse processo de quatro semanas, um trabalho de muita dedicação e de muita demanda aos consultores, constitui esse processo que de algum modo é único no mundo. Não existe processo dessa forma e com essa abrangência em nenhum outro país.

A avaliação da pós-graduação é um processo que mobiliza, por diversos dias, centenas de consultores da área acadêmica. Como são e quando começam os preparativos para a avaliação?

Na verdade, o processo de avaliação é continuado. A cada ano, os programas de pós-graduação, por meio do aplicativo Coleta Capes, devem prestar informações à Capes. Essas informações são trabalhadas ao longo do ano. Nesse sentido, não se pode precisar quando começa exatamente o processo de Avaliação. Trata-se de um todo, um contínuo de procedimentos e de momentos de avaliação. Especificamente, o momento da operacionalização da avaliação trienal começou no início deste ano. A avaliação é um processo que envolve não apenas a Diretoria de Avaliação, mas também muito fortemente a Diretoria de Gestão e o Gabinete da Presidência da Capes.

O senhor já participou de outras avaliações como consultor da Capes. O que a avaliação deste ano teve de diferente em relação às avaliações de outros anos?

Eu participei de outras avaliações na condição de membro de comissão, coordenador de área e como membro do Conselho Técnico Científico da Capes. Os cinco grandes eixos de avaliação são: proposta do programa; corpo docente; corpo discente, teses e dissertações; produção intelectual e inserção social. As avaliações desses eixos estão descritas nos respectivos documentos de área. Mas, a cada nova avaliação em função dos aprendizados de cada processo, esses cinco eixos são atualizados, modificados e aprimorados. O que eu destacaria como novidade neste ano é que, na produção intelectual, nós estamos fazendo avaliação de livros, o que, em muitas áreas, é a principal forma de expressar o trabalho intelectual desenvolvido por alunos e professores. Nesta trienal, os livros pela primeira vez estão sendo analisados de um modo mais sistemático e comum em várias áreas do conhecimento.

Também é importante destacar que, dado ao fato de que, este ano, temos a nova sede da Capes, o espaço que se tem aqui trouxe dois importantes pontos: o primeiro, o enorme conforto físico e ambiental, algo que tem sido bastante destacado por diferentes consultores; e o segundo, que é a possibilidade de fazer toda a avaliação no mesmo espaço, coisa que nem sempre ocorreu em trienais anteriores, criou maior integração e oportunidade de interação entre consultores de diferentes áreas, o que leva a maior homogeneidade do processo.

Quais são os maiores desafios ao avaliar os cursos de pós-graduação?

O maior desafio é sempre contemplar dois aspectos. O primeiro, adequar os instrumentos de modo a expressar, ao final da avaliação, a qualidade e a qualificação dos nossos programas de pós-graduação. O segundo, conseguir avaliar por uma mesma sistemática e mesmos instrumentos todas as áreas de conhecimento em um só momento.

Qual a missão mais importante da avaliação?

A avaliação cumpre o papel de analisar profundamente o panorama dos programas de pós-graduação no Brasil, e assim atestar a qualidade dos cursos e acompanhar sua qualificação. A partir da avaliação, obtêm-se elementos e indicadores que permitem induzir e fomentar ações governamentais de apoio à pós-graduação brasileira. Como resultado, podemos fazer adequações para avançar científica e tecnologicamente e desenvolver de forma correta o país, como, por exemplo, promover programas específicos para diminuir as assimetrias entre regiões do Brasil ou intra e interáreas do conhecimento.

Quais as lições que a avaliação deste ano trouxe? O que o senhor prevê para o futuro do processo de avaliação da pós-graduação?

Há um entendimento da comunidade científica de que são necessárias algumas mudanças no processo de avaliação. Agora, ao final desta etapa, temos elementos para realizá-las. Pelo próprio crescimento da pós-graduação, em número de cursos, professores, alunos e trabalhos, fica cada vez mais difícil a capacidade de operar todo esse sistema da maneira como fazemos até então. Portanto, com o resultado da avaliação, teremos elementos para debater junto à comunidade acadêmica, mudanças nesse processo. Seja quanto ao período da avaliação, seja quanto à forma de avaliar cursos que já estão consolidados há bastante tempo no sistema. Esse debate já está em parte sendo feito na discussão do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG).

Fonte: Informe Ensp e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)

 

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