Debate sobre a pesquisa em comunicação e saúde abre as atividades do Icict no congresso da Abrasco

por
Cristiane d'Ávila
,
01/11/2009

As pesquisadoras do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde (Laces), Inesita Soares de Araújo e Janine Cardoso, abriram as atividades do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) no IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva da Abrasco. O grupo coordenou, no primeiro dia do congresso (31/10), a oficina “Avanços e desafios da pesquisa em comunicação e saúde”, como parte das atividades do Grupo de Trabalho em Comunicação (GT/Com) da Abrasco. Além de fomentar parcerias no campo dos estudos em comunicação e saúde, a oficina vai gerar um documento, a ser redigido, para registrar as reflexões resultantes do encontro; elaborar uma agenda de temas e metodologias para os próximos anos e produzir um número sobre o GT/Com Abrasco em um periódico da área da saúde. 

“Para além de uma já consolidada associação entre temas de comunicação e de saúde, parece estar em curso uma nova vertente de investigação mais articulada, por um lado, às necessidades colocadas pelo projeto ético-político da Reforma Sanitária e do SUS e, por outro, ao desafio de superar as insuficiências teórico-metodológicas das pesquisas pautadas pelos modelos transferenciais de comunicação”, avalia Inesita Araújo, que também é coordenadora e professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação em Saúde (PPGICS) do Icict. 

Segundo a pesquisadora, tanto o aumento de grupos de pesquisas no diretório do CNPq, como as recentes iniciativas no campo da saúde, notadamente os esforços envolvidos na Agência Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde e os subseqüentes editais NCPq/MS, parecem sinalizar para esta mudança nas investigações em comunicação e saúde. 

Na opinião de Janine Cardoso, a oficina alcançou os objetivos previstos e ressaltou a importância de tais encontros para o enriquecimento do debate sobre comunicação e informação no campo da saúde. “É pena não termos mais tempo para realizarmos encontros presenciais como este, com freqüência. Os debates e as pesquisas são sempre muito ricos”. Para a pesquisadora do Laces, os cinco projetos apresentados revelaram a atual articulação da pesquisa com as demandas do campo da comunicação e saúde e proporcionaram a exposição de novas estratégias metodológicas e a articulação destas com as atividades de ensino. 

Pesquisadores avaliam os desafios da comunicação no campo da saúde

A oficina contou com a participação de pesquisadores de importantes pólos de pesquisa brasileiros, que apresentaram cinco projetos no campo da comunicação e saúde. Isaac Epstein, professor do programa Pós-Com da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), falou sobre a importância de se inserir na agenda setting da imprensa pautas sobre saúde, que indiquem as necessidades e as carências informacionais da população em cada localidade.

A comunicação do médico Antonio Pithon Cyrino, professor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Unesp,  ressaltou a contribuição da saber prático para a educação e a comunicação em saúde, nos casos de pacientes com diabetes mellitus. A pesquisa de  Pithon aborda o saber da experiência como meio de modificar o olhar do especialista, para o qual muitas vezes o paciente é uma “caixa vazia” onde se pode depositar informações sobre o auto-cuidado.

Ana Valéria Mendonça, pesquisadora da Universidade de Brasília (UNB), descreveu os projetos mediados por novas tecnologias em execução na Unidade de Tecnologia da Informação, Educação e Comunicação, da qual é coordenadora. Inesita Araújo falou sobre os projetos em andamento no Laces e os desafios que os pesquisadores enfrentam para elaborar conceitos que os aproximem da realidade extra-acadêmica, considerando suas diferenças, heterogeneidades e relações de poder. Por fim, Fernando e Ana Lefrèvre, da Universidade de São Paulo (USP), apresentaram o projeto “Violência sexual e pílula do dia seguinte: desvelando sentidos entre adolescentes”, que realizam com apoio do CNPq. O estudo vai gerar um produto multimídia sobre o tema, dirigido a adolescentes. 

A equipe da Assessoria de Comunicação Social do Icict está presente no estande da Fiocruz no IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, faz a cobertura especial do evento e preparou uma Agenda com as atividades do instituto durante os cinco dias de programação do encontro em Recife.

Edição de 2009 do congresso da Abrasco reúne docentes, pesquisadores, gestores, profissionais de saúde e lideranças da Saúde Pública/Coletiva

Este ano, com o tema Compromisso da Ciência, Tecnologia e Inovação com o Direito à Saúde, o IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva da Abrasco, que acontece em Recife, é uma oportunidade para que os diferentes atores que se dedicam à saúde coletiva compartilhem teorias e práticas e apresentem à sociedade os resultados de seus trabalhos e de suas reflexões. O evento é uma realização da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) e conta com o apoio do Ministério da Saúde, da Fiocruz, da Universidade de Pernambuco (UFPE) e do Governo de Pernambuco.

Ao todo, serão apresentado quase 5.000 trabalhos nos cinco dias do evento. Entre os destaques da programação, uma homenagem especial a Josué de Castro e ao centenário da descoberta da doença de Chagas, que contará com a participação do presidente Lula, no dia 3 de novembro.

O congresso reúne docentes, pesquisadores, gestores, profissionais de saúde, lideranças da Saúde Pública/Coletiva e todos aqueles interessados no debate, na reflexão e no enfrentamento dos desafios teóricos e práticos do campo. Os marcos estruturantes do congresso partem do contexto da seguridade social, em que a saúde é condição e fator de desenvolvimento e sustentabilidade dos povos. Ciência, Tecnologia e Inovação para o cumprimento dos princípios e diretrizes do SUS, Saúde e Seguridade Social, Desenvolvimento Social e Econômico Sustentável e Garantia dos Direitos Humanos são os eixos temáticos previstos para dar visibilidade a abordagens inovadoras, uma vez que enfocam questões que a comunidade considera prioritárias para a agenda nacional.

 

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