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Duas profissionais preceptoras – Sue Ellen Soares Magalhães, enfermeira da Residência de Enfermagem da Clínica da Família Victor Valla, e Palusa Leal, médica ginecologista e obstetra da Residência Médica de Obstetrícia do Hospital Maternidade Leila Diniz, do Rio de Janeiro, falaram sobre a importância da preceptoria e as expectativas.
Ambas concordam com a importância da preceptoria na formação pessoal e profissional do residente, mas embora discordando em alguns pontos, elas têm opiniões parecidas ao reclamar das dificuldades do dia a dia e da pouca valorização do trabalho que exercem.
Palusa Leal - Entendo essa função como poder fazer parte da formação pessoal e profissional do residente. Postura frente ao paciente, noções de cidadania, juízo de valores, compaixão, respeito, condutas médicas que devem sempre ser participadas com os pacientes antes de qualquer procedimento, seja ele emergencial ou eletivo e sobretudo estímulo ao estudo.
Sue Ellen Magalhães - O preceptor, independentemente de formação, precisa ter bagagem prática e ter perfil de preceptor e habilidades para ensinar, aconselhar, inspirar.
Palusa Leal - O preceptor se forma no momento em que ele se vê diante de seus "alunos". Acredito que sendo um bom médico, dedicado aos estudos e com vontade de passar os seus conhecimentos adiante, a necessidade de formação se deva apenas para conhecimento de assuntos burocráticos.
Sue Ellen Magalhães - Deveriam ter mais formações específicas para preceptoria e melhorar a valorização desse profissional no Brasil. Tanto preceptores como discentes buscam por conhecimentos.
Palusa Leal - Não acho que tenha necessidade de formação específica para a área.
Sue Ellen Magalhães - As dificuldades estão na falta da regulamentação de bolsa, sem uma legislação que defina a preceptoria como vínculo empregatício e remuneração; na falta de capacitação específica e formalizada para tal atividade.
Palusa Leal - A falta de um serviço de Ginecologia dentro das maternidades. Isso dificulta a locomoção do residente e sua grade de horários. A falta de compromisso de alguns residentes em relação a horários, faltas sem justificativas e não temos como" educá-los", apenas tentamos fazê-los entender que o maior prejudicado é ele mesmo. Mas, muitas das vezes, isso não funciona.
Sue Ellen Magalhães - A valorização ainda não acontece como deveria, embora com a implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), o papel do preceptor venha aumentando, mas a precariedade das instituições públicas de Saúde, a escassez dos recursos humanos e a ausência de incentivos dificultam a valorização adequada da preceptoria.
Palusa Leal - Não. Ninguém quer ser preceptor de residência médica por não ser um cargo remunerado e que demanda muito tempo de dedicação. Precisamos organizar todos os horários de plantões, ambulatórios e rodízios na outra especialidade (no meu caso, ginecologia), organizar aulas, seminários, apresentação de casos clínicos... Tudo isso dentro do serviço onde temos que atuar em outra função concomitante. Não somos valorizados no âmbito institucional. Acredito que em relação aos residentes, sim.
Sue Ellen Magalhães - Os municípios terão incentivos para valorizar a preceptoria na formação de preceptores em Programas de Residência de Medicina de Família e Comunidade – portanto, na prática, os incentivos maiores são para preceptores na formação médica. A preceptoria em Enfermagem na Atenção Primária à Saúde ainda precisará enfrentar desafios para compreensão do papel do preceptor em Enfermagem nos processos educativos, seguindo na busca por qualificação na assistência prestada através de uma educação permanente em Saúde.
Palusa Leal - Eu não sei responder.
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