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As diferenças socioeconômicas que ocorrem entre as diferentes regiões brasileiras impactam diretamente a saúde dos brasileiros. Um indicador que mostra isso claramente é a expectativa de vida saudável. Por meio de dados da Pesquisa Nacional de Saúde, pesquisadores da Fiocruz analisaram a diferença entre a expectativa de vida saudável entre os brasileiros a partir das desigualdades regionais. Para homens e mulheres de 20 anos de idade, o número esperado de anos de vida com boa saúde entre os residentes das regiões Sul e Sudeste supera em 6 anos o número esperado para os residentes das regiões Norte e Nordeste.
(Foto: Agência Brasil/EBC)
Os resultados foram divulgados no artigo Inequalities in healthy life expectancy by Brazilian geographic regions: findings from the National Health Survey, 2013, elaborado pelos autores Célia Landmann Szwarcwald, Paulo Roberto Borges de Souza Júnior, Aline Pinto Marques, Wanessa da Silva de Almeida and Dalia Elena Romero Montilla, do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz).
“Foram encontradas grandes disparidades na esperança de vida saudável por região geográfica, com os piores indicadores nas regiões mais desfavorecidas socialmente”, explica a coordenadora do estudo, Celia Landman Szwarcwald. Para essa análise, o indicador de expectativa de vida saudável foi calculado para comparar três momentos da vida de um indivíduo: aos 20 anos, aos 40 anos e aos 60 anos.
No grupo de 20 anos, as estimativas de expectativa de vida saudável ficaram 6,2 anos mais altas para as regiões Sul e Sudeste em comparação com as Regiões Norte e Nordeste. Aos 40 anos, a diferença diminuiu para 5,3 anos, e aos 60, 3,5 anos. Por exemplo, no Nordeste, considerando o número esperado de anos de vida aos 60 anos, a proporção de anos não saudáveis é de 20%, o dobro da proporção encontrada no Sudeste. Conclusão análoga pode ser feita entre os homens, quando se compara a estimativa no Norte (18.4%) com a obtida no Sudeste (8.1%).
A partir dos resultados do estudo, os pesquisadores apontam para uma profunda relação entre a desigualdade social e a perda de anos de vida saudáveis da população, principalmente em regiões com menor renda e acesso a serviços públicos. Para eles, é fundamental a implementação de políticas de saúde e, em especial, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, como meio de redução das desigualdades e promoção da saúde.
Esse foi o primeiro estudo a comparar a expectativa de vida saudável por regiões brasileiras. A análise foi construída a partir dos resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, que foi um estudo nacional de base domiciliar que investigou dados sobre a autopercepção do brasileiro em relação à sua própria saúde e condições de acesso, em uma amostra de mais de 80 mil domicílios da base da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD).
O artigo foi publicado pelo International Journal for Equity in Health, um dos mais respeitados periódicos científicos sobre o tema dos determinantes sociais em saúde, e faz parte de um suplemento especial com dados sobre o Brasil, totalizando 14 estudos inéditos sobre desigualdades em saúde no país, baseados em dados provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, divulgada nos dois últimos anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).O suplemento foi editado por James Macinko, professor dos departamentos de Ciências da Saúde Comunitária e Gestão e Políticas de Saúde da Universidade da Califórnia em Los Angelas (UCLA), e Célia Landmann Szwarcwald, pesquisadora titular do Icict/Fiocruz, e também uma das responsáveis pela coordenação técnica do estudo da PNS 2013.
O International Journal for Equity in Health é uma das fontes mais importantes para a pesquisa de determinantes sociais da saúde sob a óptica das políticas de saúde e sociais dos países. Oferece conteúdo em acesso aberto e revisado por pareceristas de instituições de referência internacionais. Periodicamente, publica suplementos especiais, por país como tema.
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