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A Fundação Oswaldo Cruz recebeu nesta quinta-feira, 07 de dezembro, o certificado do registro nacional do Programa Memória do Mundo, da Unesco, pelo reconhecimento dado à obra rara ‘Formulário Médico: manuscrito atribuído aos jesuítas e encontrado em uma arca da Igreja de São Francisco de Curitiba’, como patrimônio documental brasileiro. O documento, de 1703, traz receitas e prescrições que refletem saberes tradicionais e técnicos da época colonial.
A cerimônia de entrega foi realizada pelo comitê brasileiro do programa, representado pelo Arquivo Nacional, no salão nobre do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), com a participação de representantes do Ministério da Cultura, Arquivo Nacional, IHGB, Unesco e Comitê MoW Brasil. “O registro é uma honra para todos os profissionais de memória, é também um dever, o de preservar e promover o acesso”, pontuou Maria Elisa Bustamante, coordenadora do comitê.
Representando a presidência da Fiocruz, o Vice-Presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Santos Moreira, recebeu o certificado das mãos de Maria Beth Brea, membro do Comitê MoW Brasil. “A Fiocruz se sente muito honrada com essa nominação, pois é um de nossos objetivos preservar o conhecimento e acervos relacionados à área da saúde”, afirmou.
“Esse documento traz um retrato do conhecimento científico da época, mas também saberes populares, como o dos boticários”, informou a coordenadora da Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos, Maria Cláudia Santiago, responsável pela inscrição do Formulário Médico no registro do Memória do Mundo. Ela agradeceu a toda a equipe do Icict/Fiocruz e também a 43 parceiros de 17 instituições que participaram do processo de pesquisa, estudos paleográficos e transcrição do documento.
Profissionais do Icict/Fiocruz recebem certificado do Programa Memória do Mundo (Unesco). Foto: André Bezerra - Ascom/Icict/Fiocruz
Formulário Médico
A obra rara conhecida como 'Formulário Médico', manuscrito de 1703 atribuído a jesuítas que traz um compêndio de receitas médicas de saber popular e técnico da época do Brasil colonial, foi indicada para o Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da UNESCO ao lado de outros nove documentos indicados pelo Arquivo Nacional.
Produzido em papel de trapo e tinta ferrogálica, acrescido de uma encadernação moderna em papel cartão forrada em tecido, o item é preservado pela seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos, já tendo passado por diversos tratamentos técnicos de conservação e disponível para consulta no site Obras Raras da Fiocruz.
O manuscrito traz uma série de receitas e tratamento para as mais diversas doenças que assolavam a população no período histórico em que foi criada, no território da América Portuguesa, entre fins do século XVII e início do XVIII. Quem folheia o documento hoje em dia pode apreender o estado da arte dos conhecimentos da medicina acadêmica naquele momento, mesclado a crenças populares, por meio da indicação de ingredientes típicos do Brasil Colonial e outros territórios.
O material já foi transcrito, sob a coordenação do Prof. João Eurípedes Franklin Leal, e está sob análise para publicação. Também já foi objeto de estudo do conservador Marcelo de Lima Silva, da Biblioteca de Manguinhos, em sua dissertação de mestrado. O conteúdo original do documento já foi digitalizado e encontra-se disponível para acesso no site de Obras Raras da Fiocruz.
Foto: Rodrigo Méxas/Fiocruz Imagens
Programa Memória do Mundo
O Programa Memória do Mundo da UNESCO – MoW, – promove a preservação e acesso ao patrimônio documental (arquivístico e bibliográfico) da humanidade. O primeiro objetivo do programa é garantir a preservação, pelos meios mais adequados, do patrimônio documental que tem um significado mundial e incentivar a preservação do patrimônio documental de importância nacional e regional.
“O Patrimônio documental do mundo pertence a todos, deve ser totalmente preservado e protegido para todos”, afirmou Adauto Cândido Soares, coordenador de Comunicação e Informação da Representação da Unesco no Brasil. Ele explicou que o programa foi criado para salvaguardar esse patrimônio de danos e prejuízos, valorizando também a importância do conhecimento técnico e dos profissionais e instituições de memória.
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