O estudo sobre as internações causadas por intoxicações medicamentosas, entre menores de cinco anos, rendeu menção honrosa à estudante de medicina Marise de Araújo Lessa, durante a XV Reunião Anual de Iniciação Científica, da Fiocruz. O trabalho, que teve a orientação da pesquisadora Rosany Bochner, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Icict), investigou quais os tipos de medicamentos mais provocaram internações infantis no Brasil, no período de 2003 a 2005.
Para entender melhor os casos, a bolsista separou as vítimas em três faixas etárias: menores de um mês de vida; o grupo intermediário, com até um ano de idade; e os maiores, com no máximo quatro anos. A pesquisa analisou 6357 casos notificados pelo Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS). Entre os mais novos, as enzimas lideraram os registros. Elas estiveram presentes em mais de um quarto das internações, seguidos pelo grupo dos sedativos / hipnóticos (15%). Nas outras duas faixas etárias, o perfil das internações foi bastante similar, com destaque para as intoxicações causadas por sedativos / hipnóticos e por antibióticos, responsáveis por 19% e 17%, respectivamente. Os óbitos, entre todas as faixas, somaram 32 casos. A investigação também mostra que em muitos casos os profissionais não conseguiram especificar a substância tóxica, o que, segundo especialistas, pode dificultar o tratamento.
Entre os remédios mais comuns nas ocorrências, os sedativos / hipnóticos são os mais preocupantes. Segundo a estudante, a presença dessa classe terapêutica foi o que mais surpreendeu na pesquisa, porque se tratam de medicamentos controlados, de venda restrita. “É preciso investigar como esses produtos estão chegando às crianças”, alerta Marise.
A reunião de iniciação científica, que contempla apenas projetos de alunos de graduação, ocorreu entre os dias 2 e 4 outubro, junto com a X Jornada Científica de Pós-graduação, e teve a participação de 47 bolsistas, representantes das unidades da Fiocruz.