O Atlas Digital Água Brasil, que reúne e analisa números da qualidade da água, saneamento e saúde nos municípios brasileiros, será lançado oficialmente na 8ª Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), no dia 7 de novembro, em Brasília. O Atlas é resultado de um projeto de pesquisa e desenvolvimento tecnológico do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz, em parceria com Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM), ambos órgãos do Ministério da Saúde. Considerado um sistema de visualização de indicadores, o Atlas ajuda a sociedade a traçar um painel da água usada para consumo humano no país. O debate sobre a qualidade e cobertura dos serviços de saneamento também é estimulado. Os resultados do estudo estão acessíveis para a sociedade civil, técnicos de vigilância em saúde e gestores interessados no tema.
Esta é a primeira vez no país que diagnósticos locais dos problemas relacionados à qualidade da água são acessados sem restrições via internet. “É importante saber que o saneamento é primordial. Não temos que ter apenas o abastecimento suficiente. É necessário o esgotamento e o tratamento, já que água deve seguir seu ciclo e ser reutilizada, evitando contaminações”, afirma a pesquisadora do Icict, Renata Gracie.
“Divulgar no meio virtual um Atlas relacionado à água e doenças de veiculação hídrica, juntamente com os dados do saneamento, ajudará os gestores, as ONG`s e a população na tentativa de reivindicar a melhora na qualidade da água”, destaca a pesquisadora. Renata afirmou que o Brasil tem uma boa cobertura na questão do abastecimento, mas quando o assunto é qualidade da água, as formas diferentes de coleta de dados dificultaram o trabalho da equipe, coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Christovam Barcellos.
De acordo com a pesquisadora, os gestores utilizarão os dados do Atlas para organizar suas políticas públicas e alocar recursos de maneira correta e direta. “Com o mapa, as informações dos lugares que possuem uma qualidade de água menos apropriada para o consumo humano são identificadas. Isso significa mais economia para o governo, já que através da posição geográfica, há a identificação do lugar mais adequado para os recursos serem empregados”, explica Renata.
Resultados comprovam que o Rio Grande do Sul realiza o trabalho mais contundente
“Os resultados demonstram que a região Centro Oeste e o Rio Grande do Sul fazem um trabalho interessante, que possui intensa notificação. Inclusive, este foi um dos primeiros estados a trabalhar com a coleta de amostras para tratar a qualidade da água”, afirma Renata. A pesquisadora ainda ressalta que o município de São Paulo tem um sistema paralelo que analisa a qualidade da água de forma competente e eficaz, mas que não divulga as informações de maneira completa para o SISAGUA (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano). O destaque negativo ficou com o trabalho realizado pela Região Norte, Nordeste e a parte norte da Região Sudeste.
A pesquisadora afirma que o sítio virtual ainda está em período de teste e que será necessária constante atualização e vigilância, já que os dados das doenças de veiculação hídrica flutuam. “O site tem tabelas e mapas, e relaciona todas as informações. Já existia esse tipo de trabalho com municípios, mas abordando o Brasil de forma completa é novidade. As pessoas têm a possibilidade de baixar todo o conteúdo”, enfatiza Renata.
“Conseguimos sensibilizar os técnicos com relação à importância de melhorar a forma de sistematizar os dados das coletas das amostras. Eles se mobilizaram para melhorar a qualidade da veiculação hídrica, já que isso é importante para a população, na medida em que pode evitar possíveis doenças”, ressalta a pesquisadora. As principais enfermidades causadas pela água de baixa qualidade são a cólera, a leptospirose e a hepatite A, além da mortalidade por diarréia em menores de cinco anos. Além disso, a presença da dengue é maior em locais em que moradores armazenam água de maneira imprópria, sem tampar e sem usar o cloro.
A seleção dos indicadores e sua forma de apresentação em mapas e tabelas foram estabelecidas por um grupo de trabalho coordenado pelo Laboratório de Informações em Saúde (Lis), do qual participaram profissionais e pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, Centro de Pesquisas Ageu Magalhães, Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério das Cidades e Agência Nacional das Águas, além das Secretarias de Saúde Estadual e Municipal do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os dados necessários para calcular os indicadores foram obtidos pelo Censo demográfico de 2000, pela Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do mesmo ano, pelos Sistemas de Informação, como o SISAGUA, e pela Agência Nacional de Águas.
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