Arte: Vera Fernandes (Ascom/Icict/Fiocruz
A aluna da pós-graduação do Icict, Radígia Santos de Oliveira, defende na segunda-feira, 27 de maio, a sua dissertação de mestrado intitulada “Covid-19 e gripe espanhola: estudo à luz do jornalismo centenário”
Com a orientação de Izamara Bastos Machado, pesquisadora do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces)/Icict, Radígia analisou como o jornal O Estado de S. Paulo noticiou as pandemias de gripe espanhola, que ocorreu em 1918, e a de covid-19, em 2020, buscando “identificar as aproximações e as diferenças que emergem nos discursos das coberturas jornalísticas”.
Radígia Oliveira observou em sua análise que há “semelhanças em muitos aspectos” nas duas coberturas. Segundo Radígia, inicialmente houve uma “minimização e a negação das duas doenças, por exemplo, ocorrem nas páginas do periódico em 1918 e 2020, mas somente no começo da chegada das pandemias ao país porque, em poucas semanas, a realidade se impõe: a gravidade de ambas as enfermidades fica explícita, tanto no início do século passado, quando o jornal quase fechou por causa da gripe espanhola, quanto no primeiro ano da covid-19 no Brasil”.
Veja abaixo outras informações sobre a defesa da dissertação que acontecerá às 10 horas, no Prédio Sede Campus Maré, em Manguinhos.
Título: Covid-19 e gripe espanhola: estudo à luz do jornalismo centenário
Aluna: Radígia Santos de Oliveira
Orientadora: Izamara Bastos Machado (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)
Banca:
Titulares
Dr. Wilson Couto Borges (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)
Dr. Wedencley Alves Santana (PPGCOM/UFJF)
Suplentes
Drª Kátia Lerner (PPGICS/ICICT/FIOCRUZ)
Drª Ana Paula Goulart Ribeiro (ECO-PÓS/UFRJ)
Data: 27/05/2024 – 2ª feira | Horário: 10h
Local: Sala 410 – Prédio Sede Campus Maré
Resumo: Esta pesquisa busca analisar como o jornal centenário O Estado de S. Paulo noticiou as pandemias de gripe espanhola, em 1918, e de covid-19, em 2020, e procura identificar as aproximações e as diferenças que emergem nos discursos das coberturas jornalísticas.
Com foco na historicidade dos processos comunicacionais, o objetivo é identificar e compreender os sentidos que, ao longo do tempo, surgem sobre as duas doenças, a partir de algumas publicações do veículo. Assim, este estudo apresenta como hipótese inicial a perspectiva de que os discursos sobre as duas pandemias seriam similares, apesar da diferença temporal entre as duas enfermidades ser de pouco mais de um século.
Levando-se em consideração contextos distintos, a principal pergunta que se buscou responder foi como o jornal O Estado de S. Paulo fez a cobertura jornalística das duas pandemias. Após levantamento do material no acervo do periódico, com base no método de amostragem, foram selecionados cinco momentos específicos, nos primeiros meses das duas doenças no Brasil, que ganharam espaço nas páginas do jornal (e na mídia em geral), e realizadas análises dessas coberturas. Para dialogar neste estudo, “convidamos” os autores Michel Foucault, Mikhail Bakhtin, Milton Pinto e Norman Fairclough, quando os temas trabalhados envolvem discurso, linguagem e relações de poder. Ana Paula G. Ribeiro, François Dosse, Marialva Barbosa, Maurice Halbwachs e Pierre Nora são acionados quando o debate abrange memória, história e comunicação, três áreas interrelacionadas nesta pesquisa.
A partir dos conceitos trabalhados no referencial teórico, e após o olhar atento sobre o material jornalístico publicado pelo O Estado de S. Paulo, conclui-se que os discursos sobre a gripe espanhola e a covid-19 se assemelham em muitos aspectos, assim como os sentidos identificáveis. A minimização e a negação das duas doenças, por exemplo, ocorrem nas páginas do periódico em 1918 e 2020, mas somente no começo da chegada das pandemias ao país porque, em poucas semanas, a realidade se impõe: a gravidade de ambas as enfermidades fica explícita, tanto no início do século passado, quando o jornal quase fechou por causa da gripe espanhola, quanto no primeiro ano da covid-19 no Brasil.