Arte: Luciana Clua (Multimeios/Icict/Fiocruz) | Foto: Cortadora de cana-de-açúcar em frente ao canavial de uma usina de biocombustível, açúcar e etanol - Acervo João Roberto Ripper (Fiocruz Imagens/Icict/Fiocruz)
No primeiro número de 2025, a RECIIS apresenta análises de pesquisadores sobre as mudanças na política das plataformas digitais, as dependências do Brasil às tecnologias das Big Techs e os usos das Tecnologias de Comunicação e Informação (Tics) no âmbito da Saúde. A edição inaugura uma série das capas de 2025 do periódico, composta pelas fotografias de João Roberto Ripper. O acervo doado à Fiocruz está disponível em acesso aberto no portal Fiocruz Imagens. A RECIIS (Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde) é editada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz).
Em Notas de Conjuntura, Rafael Evangelista [3] analisa as mudanças nas políticas dos produtos da Meta, como as plataformas digitais Facebook e Instagram. Entre as mudanças estão o abandono das colaborações das agências de checagem de fatos e a flexibilidade na moderação de conteúdos, o que permite o espalhamento de desinformação, discurso de ódio e extremista. Tal mudança se relaciona com a ascensão da influência de empresários do Vale do Silício na política estadunidense.
De acordo com o autor, a lógica que envolve as redes sociais para o Vale do Silício tem como critério principal o alto potencial de viralização, como ocorre com conteúdos polarizadores e sensacionalistas, gerando lucros para as empresas, as quais não são responsabilizadas pela autoria de tais produtos.
Outra dimensão dessa lógica se refere à previsão da atenção dos usuários, o que cria uma arquitetura invisível de controle de escolhas, de comportamentos, de extração e monetização dos dados e do lucro. Trata-se de um pensamento neoliberal em que a ilusão de liberdade atende a um consumo incessante, à extração veloz de recursos naturais, à exploração máxima do trabalho e a instabilidades políticas, corroendo o Estado por dentro.
Rafael Evangelista argumenta que as propostas de soberania e transformação digital do Brasil ainda ficam dependentes das grandes empresas de tecnologia do Vale do Silício. Com menos investimento, o autor propõe pensar numa forte coordenação e planejamento para minimizar a dependência tecnológica a fim de não ficarmos “à mercê dos rompantes erráticos de Musk e das crises de meia-idade de Zuckerberg”.
Na seção artigos originais, Montanholi et al [4]. analisam as publicações de educação em saúde infantil e materna na página do Facebook do Ministério da Saúde de Cabo Verde. A partir da pesquisa, considerou-se que parcerias do órgão com instituições de ensino superior podem contribuir na construção e validação de materiais educativos, ampliando o uso da plataforma Facebook voltado à educação em saúde infantil e materna.
Já Xavier et al. [5] analisam as imagens da deficiência inscritas em cartazes de campanhas de saúde, publicados entre 1988 e 2020, pelo Ministério da Saúde do Brasil. Os resultados reforçam a invisibilidade da pessoa com deficiência devido à falta de campanhas e cartazes de saúde relacionados ao tema de maneira adequada e consonante às organizações de saúde, movimentos sociais e sociedade civil atentos às políticas das pessoas com deficiência.
Em relação aos usos das tecnologias de comunicação e informação na Saúde, Alves-Zarpelon et al. [6] descrevem um protocolo de teleconsulta farmacêutica voltado para pacientes com asma. Em outro artigo original, Martins et al. [7] caracterizam o processo de fiscalização sanitária de medicamentos vendidos na internet, como emagrecedores e anabolizantes, e analisam o perfil das medidas sanitárias determinadas pelos órgãos reguladores. O estudo constatou propagandas e a comercialização indevida na internet de tais medicamentos, contrariando a legislação sanitária do Brasil.
Em outra pesquisa, Sthéfano Bruno Santos Divino e Isabela Gonçalves Almeida [8] discutem sobre a ética e a responsabilidade civil sobre o uso de procedimento cirúrgico roboticamente assistido (Robotically Assisted Surgery – RAS).
Ainda na seção de artigos originais, Faria et al. [9] exploram os possíveis efeitos da implementação dos sistemas regulatórios no Rio de Janeiro em relação às características sociodemográficas e clínicas de pacientes com câncer de colo do útero; e como a implementação de tais sistemas influenciou o acesso geográfico aos serviços de saúde e as distâncias percorridas para tratamento por pacientes com câncer de colo do útero no Rio de Janeiro.
Em outro estudo publicado neste número, Luiza Vieira Xavier et al. [10] partem da perspectiva dos usuários para conhecer o processo de comunicação com a equipe de saúde num ambulatório de oncologia. A pesquisa aponta como conclusão a existência de uma persistente hegemonia biomédica e a verticalização dos saberes, contribuindo para o silenciamento dos usuários.
Lacerda et al. [11] analisam matérias jornalísticas sobre mudanças climáticas na perspectiva da bioclimatologia da Amazônia brasileira. Os resultados identificaram a maior frequência de notícias sobre mudanças climáticas na Amazônia brasileira associadas a grupos vulneráveis, como povos indígenas, comunidades ribeirinhas e tradicionais, e aqueles situados em zonas periféricas urbanas, demonstrando a importância do jornalismo na formação da percepção pública sobre essas questões.
Na seção Entrevista, Isaltina Mello Gomes [12] narra sua trajetória no campo da Divulgação Científica e comenta que o interesse público pelas pesquisas e popularização da ciência ocorreram durante as guerras, emergências sanitárias e problemas ambientais. Por isso, reforça que a divulgação científica em Saúde e Meio Ambiente, principalmente, é fundamental para a promoção da vida da população.
Na seção Resenha, Dom Condeixa [13] analisa o filme ‘Homens invisíveis’, roteirizado e dirigido por Luís Carlos de Alencar. Para o autor, documentários como ‘Homens Invisíveis’ iluminam corpos, vidas, histórias e “realidades repetidamente ignoradas, provocando reflexões sobre temas sociais, políticos e/ou culturais”.
Em editorial, a coordenadora da RECIIS, Maria Elisa Luiz da Silveira [14] compartilha os esforços e resultados da revista ao longo de 2024, como o aprimoramento da política editorial, a atualização de instrumentos que conferem segurança jurídica aos conteúdos publicados e o apoio às infraestruturas de tecnologia para ciência aberta. Conforme a coordenadora do periódico, tais ações dialogam com as discussões da instituição no que se refere aos 10 anos da Política de Acesso Aberto da Fiocruz, celebrado em 2024. A comemoração promoveu avaliações e atualizações, como por exemplo, a atualização da própria Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da Fiocruz, disponível no repositório do Arca: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/68656 [15]
Em associação à capa deste número, mês do Dia Internacional da Mulher, a coordenadora da RECIIS diz se mover para eliminar barreiras ao conhecimento científico, dando materialidade à política de acesso aberto da instituição; seguindo na labuta e sorrindo. As capas dos números de 2025 fazem parte do acervo do fotógrafo João Roberto Ripper, disponível em acesso aberto no portal Fiocruz Imagens: https://www.fiocruzimagens.fiocruz.br [16]
A RECIIS é uma das iniciativas da Política de Acesso Aberto e não cobra taxa de processamento de artigos. Ela faz parte do Portal de Periódicos Fiocruz junto a outras oito publicações que oferecem livre acesso aos seus conteúdos.
Links
[1] https://www.icict.fiocruz.br/../..
[2] https://www.icict.fiocruz.br/arquivo-de-noticias
[3] https://doi.org/10.29397/reciis.v19i1.5033
[4] https://doi.org/10.29397/reciis.v19iAhead-of-Print.4228
[5] https://doi.org/10.29397/reciis.v19i1.4298
[6] https://doi.org/10.29397/reciis.v19i1.3664
[7] https://doi.org/10.29397/reciis.v19iAhead-of-Print.3655
[8] https://doi.org/10.29397/reciis.v19iAhead-of-Print.3665
[9] https://doi.org/10.29397/reciis.v19iAhead-of-Print.3706
[10] https://doi.org/10.29397/reciis.v19i1.4307
[11] https://doi.org/10.29397/reciis.v19iAhead-of-Print.4254
[12] https://doi.org/10.29397/reciis.v19i1.4956
[13] https://doi.org/10.29397/reciis.v19i1.4995
[14] https://doi.org/10.29397/reciis.v19i1.5052
[15] https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/68656
[16] https://www.fiocruzimagens.fiocruz.br
[17] https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/issue/view/117
[18] https://www.facebook.com/sharer.php?u=https%3A%2F%2Fwww.icict.fiocruz.br%2Fprint%2F8776
[19] http://www.reciis.icict.fiocruz.br
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