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Som e imagem em movimento, basicamente isto é o audiovisual. Iniciado em 1895 com os Irmãos Lumière, ele pode ter seu conceito ampliado quando se considera todo o poder que possui: desperta sentidos, interage, ensina, alerta. Em 1910, Oswaldo Cruz já sabia que a produção de imagens, fossem elas fotográficas ou em movimento, era estratégica para as políticas da ciência e da saúde. Desde então, foi construído um campo que hoje contribui para uma sociedade mais informada e democrática.
Quando uma epidemia está prestes a se instalar, vídeos com as medidas preventivas são veiculados. Quando uma doença assusta a população, vídeos com esclarecimentos sobre sintomas e tratamentos são produzidos. Em diversas situações, o audiovisual funciona como estratégia de comunicação e saúde. “O audiovisual pode contribuir como importante veículo de divulgação científica, para sensibilizar e informar o público em geral sobre os fatores fundamentais que devem ser considerados na preservação da vida”, argumenta Gabriela Dias, pedagoga especialista em tecnologias educacionais e membro do conselho curador do Selo Fiocruz Vídeo.
Ficção, documentário, animação, longa-metragem, média-metragem, curta-metragem, são inúmeros os gêneros e as denominações audiovisuais que podem impactar a vida de quem os assiste. A médica Joana D’Arc, por exemplo, conta que repensou sua carreira após assistir um filme, “O vídeo mostrava um médico que saiu da sua posição de médico para a de doente: novas relações, novos discursos, novas valorizações de palavras ditas. As cenas mostradas me fizeram refletir mais ainda sobre o outro e em termos de comunicação nos diferentes locais de interlocução, de quem domina para o dominado”.
Contudo, ainda há desafios na execução dessa estratégia, como fazer com que as produções cheguem ao seu público em todo o país. “Considerando o audiovisual como expressão e prática artística, cultural e de comunicação, temos um objeto multifacetado diverso e que poderia ou deve ser tratado como um elemento que integra o centro orgânico gerador de novas e estimulantes possibilidades criativas, dada a sua capacidade de provocar os sentidos”, comenta Sergio Brito, cineasta com 25 anos de VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz.
Histórias e experiências são muitas e variadas. Com suas marcas específicas, integram o acervo das memórias afetivas da trajetória. As pessoas, a maioria, sempre recordam seus primeiros encontros na vida, né? Lembro-me, nos primeiros dias trabalhando na Fiocruz, que Aurea Pitta, então coordenadora do Núcleo de Vídeo, uma noite telefonou e sugeriu que participasse de um evento na Ensp, que aconteceria no dia seguinte. Era a primeira vez que ia à Escola e também a um evento na instituição. Não tinha muitos dados sobre o que era, mas sabia que era importante, pois a “chefa” orientou. Lá fomos nós.
Cheguei cedo e na recepção sou informado que seria no salão internacional. Aí pensei: será que terá gente falando inglês ou francês? Quando cheguei e olhei o salão, fiquei preocupado. Sua arquitetura e distribuição das cadeiras eram diferentes. Meu Deus, onde devo sentar? O salão não era um auditório tradicional como imaginei. Por segurança, sentei na última fileira. Depois de algum tempo, pessoas chegavam, entre elas estava meu amigo e parceiro de trabalho, Homero de Carvalho, e chegavam mais... e mais gente... lotou a capacidade de gente em pé. De repente, alguém sentou à mesa principal e anunciou o início dos trabalhos. Fez a leitura de alguns avisos, falou sobre o evento e convidou o palestrante. Era uma pessoa a qual conhecia de noticiário político e pela militância no Partido Comunista Brasileiro. O convidado era Sérgio Arouca, que falou sobre saúde pública, democracia e o momento histórico que estávamos vivendo. Era o Governo Collor. A palestra de Arouca foi um divisor para mim. Acabava de descobrir que o melhor da vida havia me acontecido - trabalhar na Fiocruz - e encontrado os motivos e os parceiros para continuar a sonhar e acreditar que é possível construir um país mais igual, mais equânime e, acima de tudo democrático.
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