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Em entrevista ao site do Icict, o pesquisador Hirám Sánchez e a coordenadora do Sisap-Idoso, Dália Romero falam da possível parceria entre a Fiocruz e a Universidade de Wiscosin-Madison.
Hirám Sánchez - Por várias razões. Essa população está crescendo muito rápido em muitos países, principalmente nos países latino-americanos; é um grupo que tradicionalmente é pouco estudado e sabemos pouco desse grupo, e é importante sabermos como este grupo está crescendo.
Hirám Sánchez - Uma das razões principais do projeto é que sabemos muito pouco sobre a história de mudanças de mortalidade nos últimos cinquenta anos, na América Latina, em particular. E como demógrafo, me interessa saber a dinâmica da população e, para isso, estamos analisando os dados do passado para que nos permita entender o futuro.
Hirám Sánchez - Selecionamos esses países por conta da disponibilidade de dados, porque são países em que pudemos obter informações para construir essa base. Por exemplo, Cuba tem dados desde 1845; e outros países como México e Uruguai, desde 1695 e 1770, respectivamente. E o Brasil, desde os anos de 1950.
A característica principal é que o aumento da esperança de vida na América Latina tem sido mais rápida do que em toda a humanidade, inclusive, tão ou mais rápida que o Japão. Por exemplo, Cuba aumentou a sua esperança de vida mais rápido do que o Japão e em um período de tempo mais curto. São alguns casos interessantes que temos encontrado por enquanto.
Hirám Sánchez - Creio que as estruturas de México e Brasil são relativamente mais similares, quanto à limitação e incapacidade do idoso. Um dos trabalhos que fiz foi comparando a cidade do México à cidade de São Paulo, em relação às zonas urbanas.
Há uma diferença em relação aos Estados Unidos: a mudança adulto-idoso aconteceu há muito tempo. As semelhanças são que há muitos idosos de origem latino-americana e mexicana - imigrantes, e aí temos uma aproximação com o México. A condição de saúde deles nos EUA são semelhantes às condições de saúde dos idosos que vivem no México.
Hirám Sánchez - Sim, fizemos um recorte por gênero. Mas, por raça não fizemos porque no México não há inquéritos em que se pergunta isto e não existe o conceito de raça, ou melhor, não se coleta essa informação. Nos Estados Unidos, já existe o conceito de raça, mas apenas para brancos e afroamericanos, e um pouco de conceito étnico para os latinos e esses, especialmente, foram os grupos que nos propusemos a estudar nos EUA.
Hirám Sánchez - Tradicionalmente se pensava que o aumento de vida levaria a uma melhora da saúde, mas estudos recentes mostram que não necessariamente. Há casos em que é possível viver muito com uma boa condição de saúde, como por exemplo, no Japão. Nos Estados Unidos, certos setores da população. Mas, mesmo lá, em certos casos, temos encontrado diferenças que mostram que outros fatores influenciam, como diferenças sócio-econômicas.
Hirám Sánchez - Sim, porque nossos trabalhos são similares, embora com enfoques distintos, pois estamos interessados em saber as condições de saúde e as mudanças na saúde do idoso. Temos algumas informações que podemos trocar como a questão das internações hospitalares e morbidade, que não temos, mas que aqui vocês coletam. Isto nos interessa.
Por exemplo, no México é difícil obter essa informação, ela não existe. É interessante chegar a esse nível de especificação que se alcançou aqui no Brasil. Temos outras informações que vocês não têm, como o estudo da saúde dos idosos no passado mais distante. Poderíamos complementar e realizar uma troca de informações.
Dália Romero - Os inquéritos tradicionalmente trazem perguntas sobre o momento em que este idoso está vivendo, como está vivendo e, aí relacionarmos com a condição de saúde. Por exemplo, se é uma situação de pobreza indica que, na maioria dos casos, a saúde estará comprometida em função disto.
Creio que seria interessante saber o lugar onde os idosos de hoje cresceram, se foi na zona rural, que é mais característico para avaliarmos algumas questões como a má nutrição ou uma alimentação adequada.
Hirám Sánchez - Entre os mais ricos há muita diferença. Nos estudos que estamos vendo hoje isto está aparecendo. Alguns viveram em zonas rurais e outros já viveram em zonas urbanas. Estas informações são importantes para se analisar a saúde do idoso.
Dália Romero - Já trocamos algumas ideias sobre isso, como trabalhar mais com a produção da informação – precisamos entender a saúde do idoso com uma perspectiva mais a longo prazo – como foi a vida passada das pessoas hoje idosas, que condições eles viveram quando eram jovens, por exemplo. Isto nos ajudaria muito a entender as condições de saúde atuais e fazer novas propostas.
No caso do Laboratório de Informação em Saúde (Lis), que trabalhamos com informação em saúde, temos que pensar que um inquérito de saúde não pode se referir apenas à situação atual, mas também saber a sua história passada, para poder explicar quais são as referências no envelhecimento das pessoas.
Dália Romero - A Fiocruz tem uma discussão rica e forte em relação à saúde, e têm muitos desafios, mas embora ela reconheça em seu plano quadrienal que o envelhecimento é importante, o tema não está acompanhado de um desenvolvimento institucional. Nesta área, a Fiocruz precisa ampliar as parcerias importantes e a visita do pesquisador Hirám Sánchez vem a reforçar isso.
Além disso, ele trabalha com uma equipe que é uma referência nos EUA, liderada pelo professor Alberto Palloni, que é um demógrafo que trabalha com dados sobre a América Latina há mais de 20 anos.
Quero ressaltar que a presença de Hiram Sanchez é uma força para mostrar a demografia inserida na área da saúde. A Fiocruz, pelo que ela representa, pouco se relaciona com a área da demografia. Mas, não é um problema da Fundação. Não há uma proximidade entre a saúde e a demografia. Então, esta parceria é simbólica para aproximar estas duas áreas, tanto nacional, quanto internacionalmente, dentro de uma casa como a Fiocruz, que tem uma responsabilidade enorme em entender a saúde, especialmente, de uma população de saúde mais negligenciada, como é o caso da do idoso.
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Comentários
Alan Reis Marinho
ter, 07/02/2023 - 16:46
Comentário
Sempre me fascinou o tema: envelhecimento saudável. Este ano completo 50 anos e até aqui me sinto um garoto, embora, infelizmente, relativamente sedentário (pretendo resolver, pois adoro nadar...). Sou formado em Comunicação com Pós em Revisão de Textos. Tentei há anos uma única vez o mestrado em Comunicação em Saúde na Fiocruz, mas "bateu na trave" (Alan Reis Marinho - 012-690-477-44 (www.ofera.com.br). O próximo concurso para tal deverá acontecer no meio do ano e pretendo apresentar projeto de pesquisa. Sou servidor público e atuo na gestão de Saúde há 28 anos no município de São Gonçalo - RJ (Prefeitura). Teria enorme prazer em pesquisar temas relacionados ao envelhecimento, quiçá ter a orientação de profissionais como a Dália Romero!?
graca.portela
qui, 23/02/2023 - 12:01
Olá Alan,
Olá Alan, Bom dia! Repassamos o seu contato para o Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento (Gise), coordenado pela pesquisadora Dalia Romero. Também sugerimos que você acesse à página do Gise para consultar materias ou obter informações que precise: https://gise.icict.fiocruz.br/ e o site de Experiências Exitosas para o Envelhecimento: https://saudedapessoaidosa.fiocruz.br/ Um abraço e obrigada por nos contactar, Assessoria de Comunicação do Icict/Fiocruz
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