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Em fevereiro de 2017, um grupo de pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict)/Fiocruz se reuniu para lançar a campanha #MinhaExperiênciaNoSUS – que convidava os usuários das redes sociais do site PenseSUS a enviarem relatos de suas experiências com o Sistema Único de Saúde – o SUS.
No resumo da campanha consta que seu objetivo era “possibilitar mais uma forma de aproximação e interação com os usuários das redes sociais, gerando registros sobre vivências da população no acesso ao SUS integrando-se ao objetivo principal do projeto: ampliar as formas de interação com o site PenseSUS e promover o debate sobre o SUS. Como garantir esta escuta, atuando na tessitura permanente de sentidos – sentidos estes que criam e recriam fluxos de disputa sempre indóceis? Desafio permanente do campo da Comunicação e Saúde para o qual ainda não temos respostas, mas acreditamos que experiências como a do PenseSUS podem trazer dados a um debate que é, mais do que nunca, urgente e incontornável.”
#MinhaExperiêncianoSUS integra o projeto "Ampliando o PenseSUS: a implementação de redes sociais como estratégia de interação e debate sobre o Sistema Único de Saúde (SUS)", selecionado pelo Programa de Indução à Pesquisa & Desenvolvimento Tecnológico - PIPDT, do próprio Icict. Um ano e nove meses depois, a coordenadora do projeto, a jornalista Daniela Muzi, da VideoSaúde Distribuidora, mostra o resultado da experiência e faz uma avaliação com a jornalista Juliana Krapp, integrante da coordenação executiva do projeto, do que foram esses meses com uma interação tão próxima da população para ouvi-la sobre o SUS. Veja o vídeo e leia a entrevista abaixo:
Daniela Muzi: As redes sociais oferecem a possibilidade de troca de forma dinâmica, ampliando as formas de interação para além da relação unidirecional entre instituição-usuário, como ocorre por meio de e-mail e formulários como “Fale Conosco”. Pelas redes sociais, usuários podem interagir com outros usuários materializando uma comunicação em rede, em múltiplas direções.
Daniela Muzi: Nosso objetivo foi promover formas de comunicação mais alinhadas aos princípios do SUS – mais dialógicas, interativas e inclusivas. O principal resultado foi poder refletir sobre as práticas de comunicação e saúde e compreender que precisamos avançar muito na criação de estratégias que busquem esses objetivos. Mesmo que as redes sociais favoreçam uma maior e mais ágil interação com o público, os impasses, ruídos, apagamentos e tensões de todo fazer comunicacional se refletem aqui, no espaço on-line, e ainda ganham o acréscimo de novos e surpreendentes dilemas como temos visto atualmente. A garantia da escuta mostrou-se o principal desafio a ser enfrentado.
Juliana Krapp: Sem o PIPDT, não teríamos conseguido promover essa experiência. A verba oferecida pelo programa de fomento possibilitou que contratássemos a jornalista que atuou mais diretamente na administração das redes sociais. Além disso, termos sido selecionadas pelo programa foi, de fato, um incentivo. Saber que nosso projeto foi reconhecido permitiu mantê-lo em foco, integrá-lo com mais peso às atividades de rotina das equipes.
Daniela Muzi: A administração das redes sociais se confirmou como uma atividade complexa, que requer dedicação e essa dedicação está intrinsecamente ligada à interação dos usuários. Falar do SUS não é fácil, ouvir é menos ainda. A ideia de se criar um amplo e acessível debate sobre o SUS e políticas de saúde no país requer menos “canais de informação” (apenas de divulgação de informação) e mais “canais de comunicação de fato”, com profissionais dedicados à interação, com autonomia de atuação e preparo para lidar com críticas. O moderador de mídias sociais se mostrou necessário e fundamental para uma equipe de comunicação, sendo responsável pelo aumento da interação à medida em que atuava.
Daniela Muzi: Foram recebidos 25 depoimentos, em formato de texto, foto e vídeo, elogiosos e críticos sobre a experiência no SUS, e já nos primeiros relatos publicados na fanpage do PenseSUS depararam-se dilemas éticos, já que alguns relatos explicitavam nomes de pessoas e estabelecimentos de saúde. Alguns dos depoimentos mais emocionantes foram selecionados para o compor o vídeo-síntese #MinhaExperiêncianoSUS. Convido os leitores desta entrevista a assistirem e se emocionarem também.
Juliana Krapp: Acreditamos que todo profissional do SUS, de quaisquer áreas, deve manter viva em si a prática da escuta. Ouvir e acolher o que as pessoas têm a dizer é imprescindível ou deveria ser ao dia a dia de quem trabalha com saúde. Mas a verdade é que, num cotidiano que pode ser muito opressor, acabamos deixando escapar a potência que é esse ato de escuta. A experiência com as redes sociais do PenseSUS reavivou, em nós, a certeza de que precisamos manter ativa essa complexa atividade que é a escuta, a busca por uma comunicação mais abrangente, a procura por canais de interação mais eficazes com os usuários.
Daniela Muzi - Vinícius Marinho - Fiocruz
Juliana Krapp - Raquel Portugal - Multimeios/Icict/Fiocruz
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Comentários
Anônimo
ter, 13/11/2018 - 14:31
fmarquesgabi@gmail.com
Parabéns! Falar sobre o SUS me fascina porque minha mãe não tem plano de saúde e o SUS nunca nos decepcionou. Minha mãe, hoje com 82 anos, usa uma prótese mecânica na perna esquerda confeccionada na ABBR, e trocada por uma nova a cada 3 anos, aparelho para surdez distribuído pelo Instituto Santa Isabel em Caxias, operou câncer de mama e fez todo tratamento de radioterapia e adquiriu durante 5 anos o remédio Tamoxifeno no Instituto de Oncologia em Nova Iguaçu, operou o fêmur com a colocação de uma prótese com parafusos no Hospital Salgado Filho, tudo sem gastar nada pelo SUS. O SUS NÃO PODE ACABAR,divulguem muito os benefícios do meu querido SUS.
Gustavo Antonio Mendelsohn de Carvalho
ter, 13/11/2018 - 14:24
Parabéns pelo vídeo
Gostei muito do vídeo, simples, direto e positivo. Poderia se transformar numa série, talvez abordando temas mais específicos, mas mantendo esse tratamento.
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