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A pesquisadora do Laboratório de Informações em Saúde (LIS) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz, Claudia Travassos, apresentou sua pesquisa sobre a segurança do paciente nas internações hospitalares. O estudo trabalha com o conceito de eventos adversos, que seriam lesões ou danos não intencionais causados pelo cuidado nos hospitais. Sobre os resultados, a pesquisadora revelou que 10% dos pacientes do estado do Rio de Janeiro sofrem de eventos adversos durante as internações. A palestra aconteceu dia 02 de abril no auditório do Icict.
A pesquisa mostra que cerca de 62% dos eventos adversos foram considerados evitáveis. A maioria das falhas foi ocasionada por atos cirúrgicos, seguidos de problemas com medicamentos. Cláudia avaliou pacientes internados, durante o ano de 2003, em dois hospitais gerais públicos e de ensino do estado do Rio de Janeiro, incluindo serviço de emergência e maternidade.
Para explicar a diferença entre os conceitos “erro” e “evento adverso”, a pesquisadora do LIS utilizou um exemplo fictício de uma prescrição médica para um paciente que necessita do antibiótico penicilina. Quando o medicamento é prescrito em uma dose e administrada em outra é um erro, independente se o paciente desenvolve ou não uma reação. Já um caso em que a penicilina é prescrita e administrada, sem história de alergia prévia, e o paciente desenvolve reação alérgica severa exemplifica um evento adverso.
Claudia ressaltou que o médico, ao realizar seu trabalho, pode curar o paciente, mas também, em algum momento, pode causar danos. “O profissional tem que ter consciência que vai errar. A consciência humana erra, então, deve-se tomar cuidados”, analisa a pesquisadora.
De acordo com Claudia, 1,4 milhão de pessoas ao redor do mundo sofrem de infecções adquiridas em hospitais. A pesquisadora disse que os gastos adicionais com hospitalização, custos com litígio, infecções adquiridas em hospitais, renda perdida, disfunção ou incapacidade e despesas médicas têm custado a alguns países entre US$ 6 bilhões a US$ 29 bilhões por ano. A discrepância de acidentes hospitalares entre os países também foi pontuada por Claudia. Segundo ela, o risco de uma infecção associada ao cuidado a pacientes em alguns países em desenvolvimento é 20 vezes maior do que em países desenvolvidos.
Claudia afirmou que o mundo vive a era da segurança do paciente. No final do ano de 1999, o Institute of Medicine, dos Estados Unidos, lançou o documento “To err is Human” (“Errar é humano”), que destacou a gravidade dos problemas de segurança ao paciente nos hospitais americanos. A taxa de mortalidade devido a eventos adversos evitáveis revelou-se maior do que as taxas de mortalidade por Aids, câncer de mama ou atropelamentos. Em 2004, houve a criação da Alliance for Patient, que teve o compromisso de aprimorar o desenvolvimento da política e da prática da segurança do paciente a todos os membros da Organização Mundial da Saúde (OMS). A cada ano, a Aliança fornece programas com aspectos sistêmicos e técnicos para aperfeiçoar o objetivo ao redor do mundo, de acordo com o site World Health Organization.
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