ICICT | Fiocruz - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

Um auditório lotado recebeu no Museu da Vida na manhã desta sexta-feira, 28 de março, Renato Janine Ribeiro, Diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. O professor abriu o ano letivo das pós-graduações do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde e do Instituto Oswaldo Cruz com a Aula Magna “A interdisciplinaridade no ensino de pós-graduação”. A  Diretora do Icict, Ilma Noronha, a Diretora do IOC, Tania de Araújo Jorge, e a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Maria do Carmo Leal, dividiram a mesa com o palestrante,  professor titular de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo.

Em sua primeira visita à Fiocruz, o diretor da Capes se disse “encantado pelo castelo visto de perto, e não da Avenida Brasil”, e garantiu que, embora a maioria dos cursos permaneça concentrada no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal, em toda parte “está crescendo a contaminação pelo vírus da interdisciplinaridade”. Segundo ele, existem cursos que são mais interdisciplinares, como é o caso dos que integram o campo da saúde coletiva. “Se deixarmos a Medicina ficar só em pesquisa, o médico não saberá lidar com o paciente”, observou.

Baseado em conceitos derivados da geometrização da Física e de outras disciplinas - a partir da Matemática - e do fortalecimento da História das Mentalidades - que incorpora aspectos culturais e psicológicos para o entendimento da narrativa histórica -  o professor utilizou metáforas para apresentar a evolução e a atual situação da interdisciplinaridade nos cursos de pós-graduação.  

Para Renato Janine, o caráter interdisciplinar dos cursos de pós-graduação se manifesta sobretudo na composição de seu corpo docente, com pesquisadores e professores de várias áreas de conhecimento, mas também pode estar na natureza mesma de seu corpus temático: “É o caso da área de desenvolvimento de novos materiais, que têm suscitado muitas aplicações e interesse, por exemplo, em Odontologia”.

Novas metas para a ciência

Renato Janine Ribeiro lembrou que a interdisciplinaridade é bem vinda no cenário da produção de conhecimento acadêmico, já que boa parte das fronteiras entre natureza e ciência -  que foram consolidando campos disciplinares - são heranças do século XVIII. Para ele, as metas da ciência variam conforme os “momentos de dinamismo e estagnação” de cada área e não podem mais estar restritas à “simples expansão do que já existe”. A interdisciplinaridade colaboraria  para promover “saltos qualitativos que reconfiguram as áreas de conhecimento” e sugere “muitas outras possibilidades que podem definir novos campos científicos”.

O palestrante demonstrou entusiasmo com um novo sistema para avaliar livros, definido esta semana pela Capes, e revelou sua preocupação em refinar instrumentos próprios para a avaliação do mestrado do tipo profissional. Se a missão do mestrado acadêmico é formar quadros que garantam a continuidade da pesquisa, “o mestrado profissional, por outro lado, é um produto terminal”, declarou. Quanto às perguntas da platéia - quase todas sobre como a Capes pretende avaliar cursos e projetos de caráter interdisciplinar - Renato Janine deu sua própria receita: “O ideal é buscar a convergência entre qualidade e abertura à novidade".