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De passagem pelo Brasil, o sociólogo português, especialista em saúde pública, Pedro Alcântara da Silva, da Universidade de Lisboa, visitou o Centro de Informação Científica e Tecnológica (CICT) para conhecer o trabalho realizado pelo Departamento de Comunicação em Saúde (DCS). O encontro foi na última semana de julho e a conversa girou em torno do papel da mídia na disseminação da informação em saúde.
Pedro Alcântara falou sobre a situação do sistema de saúde português, que é mal visto pelos veículos de comunicação de seu país. Ele disse que, a notícia na área da saúde pode causar grandes confusões à população quando a mídia trata o tema de forma alarmante. Alcântara lembrou o episódio em que um telejornal português questionou o atendimento no sistema de saúde português por haver somente dez leitos disponíveis para o tratamento de uma determinada doença. A doença era a pneumonia asiática que havia sido noticiada na China, em 2003. Para Alcântara, “dez leitos eram mais que suficientes para uma doença que não havia sido constatado nenhum caso em Portugal e nem em nenhum país da área geográfica de Portugal.”
Sobre o assunto, a pesquisadora do CICT, Inesita Araújo, afirmou que é de interesse do DCS participar de discussões sobre o quinto poder, uma espécie de regulador da Mídia, já consagrada como o quarto poder. Para ela, as notícias que alarmam a população são problemas “suprajornalísticos” e que o profissional da imprensa está sendo moldado dentro deste complexo da mídia”. Alcântara concorda com a pesquisadora e cita como exemplo uma corrente norte-americana de jornalismo cívico, que teria “menor preocupação com o sensacionalismo”.
Durante o encontro, foi possível perceber as semelhanças entre os sistemas de saúde português e brasileiro no que diz respeito à cobertura da mídia. Para Inesita, o Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição Federal de 1988, ainda é desconhecido pela população e pela imprensa. Alcântara diz que Portugal enfrenta o mesmo problema e que, os veículos de comunicação não contribuem para a dissolução do mito do mau atendimento do sistema. “Por acreditar que o atendimento é muito demorado, o usuário recorre às emergências para tratar de problemas que poderiam ser solucionados no ambulatório, o que acarreta no mau uso do sistema”, afirma.
A conversa terminou em tom de colaboração. Os pesquisadores do DCS e Alcântara trocaram e-mails para possíveis parcerias e um possível encontro no Congresso Mundial da Abrasco (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva), programado para 2006. Alcântara veio ao Brasil para participar do III Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, que aconteceu em de 9 a 13 de julho, em Florianópolis.
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