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Da necessidade de se criar uma linha de produção e preservação de vídeos em saúde surgiu, há 28 anos, a VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz (VSD). O momento era de debates sobre saúde, comunicação e democracia, nada mais oportuno para se construir um acervo audiovisual, que mais tarde viria a ser distribuído para rede de usuários, cumprindo assim o objetivo de se tornar um agente democrático de disseminação do conhecimento científico e tecnológico em saúde.
Com apenas sete fitas VHS, encontradas nas gavetas da Coordenadoria de Comunicação do Castelo Mourisco (como narra Aurea Pitta, pesquisadora e fundadora da VSD, em seu texto de homenagem aos 25 anos da distribuidora), foi iniciado o processo de pesquisa, captação, catalogação, produção, fomento e distribuição de produtos audiovisuais. Além de guardar e preservar a memória institucional da Fiocruz, o acervo hoje abriga mais de oito mil títulos, sendo composto por coleções, materiais de arquivo e peças museológicas, entre produções próprias e de outras instituições.
O patrimônio não para de crescer e entre os maiores desafios de mantê-lo está a obsolescência tecnológica, que já fez se perder muitos materiais importantes ao longo dos anos. Há algum tempo, a VideoSaúde vem realizando o processo de atualização e digitalização do acervo, mesmo com a falta de recursos. Ainda sobre a proteção deste acervo histórico e científico, o arquivista da distribuidora, João Guilherme Machado, relembra a estratégia para garantir a segurança durante um longo período de obras no Prédio da Expansão, “Foi um trabalho muito bem pensado pela equipe envolvida e que, com muito esforço e dedicação, alcançou plenamente seus objetivos mantendo o acervo intacto e a salvo”.
Atualmente, o Banco de Recursos Audiovisuais em Saúde (Bravs) vem sendo reformulado, visando melhorar o padrão de inserção de dados técnicos sobre os vídeos no sistema e facilitar a busca do usuário final. O novo Bravs está em fase de testes e treinamento com a equipe que irá utilizá-lo. Assim que disponível, atuará como instrumento indissociável do processo de preservação e disseminação deste acervo de imensa importância cultural.
O que significa fazer parte da história de preservação e disseminação de um patrimônio audiovisual como o da Fiocruz?
Trabalhar na VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, tendo a preservação do seu acervo como objetivo, é uma mistura de sentimentos. Fazer parte de uma trajetória exitosa como essa é me sentir parte integrante do fortalecimento do SUS. Trabalhar com a preservação desse patrimônio audiovisual, com cerca de 8.700 títulos, e que reflete uma pluralidade de vozes e visões sobre as demandas e necessidades da atenção em saúde, bem como a evolução da saúde pública no Brasil, é um misto de satisfação, orgulho, honra e preocupação. A preocupação, na verdade, está mais relacionada aos desafios de pesquisar tendências tecnológicas, de conseguir recursos para concretizar a implantação de certas medidas de preservação (mais especificamente a digitalização do acervo para um servidor com alta capacidade de armazenamento de dados, a aquisição de um sistema de combate à incêndios e a criação de uma sala destinada apenas para as cópias de segurança), além de manter recursos humanos que estejam envolvidos de forma contínua nos processos de trabalho da preservação.
Qual experiência na VideoSaúde mais lhe marcou?
Uma experiência que me marcou muito foi quando tivemos que pensar em uma estratégia para garantir a segurança do acervo durante um longo período de obras no prédio da Expansão. Como foi uma obra de grande porte, com alterações na estrutura física do prédio, corria-se o risco do acervo ser atingido por entulho, já que uma das paredes do ambiente de guarda do material foi derrubada, deixando-o totalmente exposto ao calor, à chuva e às alterações elevadas da umidade relativa. A entrada e saída de trabalhadores envolvidos com a obra no ambiente do acervo também pôs em risco a segurança. Outro fator de preocupação foi a utilização de cimento e tinta dentro do acervo de maneira que não houvesse nenhum contato direto com as mídias e suas estantes de guarda. Isso sem contar com a parte elétrica, que também foi alterada e exigiu ainda mais esforços no sentido de evitar possíveis acidentes. Foi um trabalho muito bem pensado pela equipe envolvida e que, com muito esforço e dedicação, alcançou seus objetivos, mantendo o acervo intacto e a salvo até o fim das obras.
Quais foram os maiores desafios enfrentados até hoje? Quais ainda estão por vir?
O gênero documental audiovisual é o que sofre mais impactos no tocante a obsolescência de formatos e indisponibilidade de acesso as informações, caso não haja infraestrutura capaz de ler ou reproduzir o conteúdo das mídias. O acervo da VideoSaúde possui uma caraterística muito interessante, sendo um acervo híbrido entre coleções, material de arquivo e peças museológicas. Tudo isso dentro do gênero audiovisual e dos mais variados formatos, que vão desde U-matic, Betacam, VHS, até DVCAM, DVDs e conteúdos em HD (alta definição). Nesse sentido, a necessidade cíclica e quase imediata de se pensar em estratégias de digitalização, reformatação e migração de conteúdo para meios tecnológicos mais atuais é indissociável do trabalho de preservação do acervo. Na atual conjuntura política e econômica do país, o maior desafio será o de efetivar a construção de um ambiente técnico-estrutural capaz de manter o programa de preservação em consonância com os mecanismos e tendências tecnológicas e garantir o acesso, em tempo hábil, perante a demanda da sociedade.
Como está o processo de atualização e digitalização do acervo?
As estratégias de digitalização do acervo já estão em andamento. Hoje, o VHS é o único formato analógico do acervo. As U-matics e SVHS já estão digitalizadas e foram reformatadas para DVCAM. No momento, estamos aguardando a chegada de um servidor que será utilizado para digitalizar e armazenar grande parte do conteúdo, dando continuidade às ações de atualização, preservação e disponibilização. Vale destacar que todos os processos envolvidos requerem um longo tempo de execução, tendo em vista a complexidade de realização das ações e a aquisição de equipamentos que dão suporte às atividades.
Fale um pouco sobre o novo Bravs.
O novo sistema do Banco de Recursos Audiovisuais em Saúde (Bravs), desenvolvido em parceria com a Seção de Desenvolvimento do Icict, está em fase de testes e a equipe que irá utilizá-lo direta ou indiretamente está em treinamento. A nova versão foi elaborada tendo como referências antigas sugestões de alterações, acréscimos e supressões de algumas funcionalidades. O intuito da revisão e reestruturação do Bravs é melhorar o padrão de inserção de dados técnicos sobre os vídeos do acervo no sistema, assim como otimizar o grau de precisão na busca e recuperação dessas informações por parte do usuário final do acervo VideoSaúde. A nova versão do Bravs facilitará o processo de catalogação de novos vídeos e atuará como instrumento indissociável do processo de preservação.
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