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Nos dias 29 e 30 de outubro, pesquisadores do Institute pour la Recherche et Développement (IRD) da França, do Observatório Clima e Saúde, do Icict/Fiocruz, além de especialistas em malária, meio ambiente, monitoramento e sistemas de informação de vários órgãos e instituições, e da Fiocruz e do Ministério da Saúde, participaram no auditório do INCQS do seminário "Clima, paisagem e malária: Construção de um sítio sentinela na fronteira Guiana-Amapá".
Durante o evento, foram abordadas a criação e funcionamento de um observatório sentinela para região fronteiriça entre o estado do Amapá e a Guiana Francesa; questões científicas e operacionais deste observatório; desenvolvimento de metodologias para a implementação do sistema de informação, além de identificar os recursos necessários para a construção e manutenção do sítio sentinela.
A parceria entre o IRD e os pesquisadores da Fiocruz marca também a entrada da Fundação nas pesquisas que são desenvolvidas naquela região. Segundo Christovam Barcellos, um dos coordenadores do seminário e coordenador do Laboratório de Informação e Saúde (Lis/Icict) e do Observatório Clima e Saúde, a Fiocruz reforçará as pesquisas que já estão sendo feitas tanto pelo IRD, pelo lado francês, quanto pelas universidades federais do Amapá e do Pará, e a Secretaria Estadual de Saúde de Amapá.
“O sítio sentinela não está substituindo o SUS e existe um sistema de vigilância da malária muito bom na região do lado brasileiro”, ressalta Christovam. “O que faremos é reforçar esse sistema, com novas tecnologias, oferecendo imagens de satélite, informações sobre o nível da água, da chuva, de imigração, que podem ajudar os gestores locais do Amapá e dos municípios próximos à zona fronteiriça, a intensificar a vigilância”. Ele citou como exemplo a criação de um sistema de alerta: “já percebemos que um verão quente, com bastante chuva e nível alto das águas é seguido de inverno com muita malária. Então, os sistemas de alerta ajudarão a informar, neste sentido, qualquer problema na região”.
Os pesquisadores franceses disponibilizarão imagens de satélite, que também serão interpretadas pelos pesquisadores brasileiros, ajudando em informações sobre mudanças da área – um grande desmatamento, urbanização de uma região, invasões, garimpos, que podem fazer emergir os parasitas da malária em determinada região. Segundo Christovam Barcellos, por ser uma área muito sensível, a região já é conhecida por ter um elevado índice de transmissão da malária, pois possui não só um clima adequado ao surgimento do mosquito da malária, como também abriga uma população flutuante e clandestina de garimpeiros cruzando à fronteira e pessoas em situação de ilegalidade (sem documentação), além de muitas habitações vulneráveis e provisórias. “Reforçando o controle na região, por meio do sítio sentinela, estamos ajudando a pensar e melhorar a saúde dessas pessoas”, afirma,
A previsão é que o sítio sentinela deverá ficar pronto ainda no primeiro trimestre de 2015, com informações que ajudarão as secretarias estadual e municipais, tanto do Amapá quanto as da Guiana Francesa, a utilizarem estes dados. Christovam crê que a médio e longo prazos haverá um sistema de informação em que todos possam consultar dados, como situação de desmatamento na área, índices de malária, notícias sobre a região, e que servirá como sistema de alerta em português e francês.
Em conversa com o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS)/Fiocruz, Valcler Rangel, ficou acordado entre os pesquisadores, a partir da experiência franco-brasileira, a possibilidade do desenvolvimento de sítios sentinelas para outras áreas fronteiriças do Brasil, como explica Christovam Barcellos: “Temos que criar metodologias e tecnologias para reforçar essas áreas de fronteira do Brasil – não é impedir as pessoas de cruzarem as fronteiras, é criar mecanismos de detenção de riscos, de aconselhamento sobre saúde, que garantam a saúde da população”, afirma. O coordenador do Lis alertou que as fronteiras são cada vez mais um espaço sensível, onde vetores como chikungunya, ebola e dengue passam sem encontrar barreiras.
Christovam Barcellos fez questão de destacar o papel do Icict à frente de uma pesquisa desse porte para a Fiocruz e para o Brasil: “O Icict não é um laboratório de pesquisa de vetores, mas é um instituto de desenvolvimento tecnológico, principalmente na área de informação e comunicação. Todas essas atividades de pesquisa dentro do Instituto se transformam em serviços de informação e comunicação. É importante traduzirmos todas as pesquisas para que a população possa entender o que está acontecendo. Quando falamos em áreas de risco, às vezes, assustamos as pessoas. Temos que saber o que falar, que linguagem utilizar, que essas mensagens sejam entendidas pela população”, ressalta.
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