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Dados do Sistema Nacional de Monitoramento em Aids (Monitoraids) mostram que o número de indivíduos que usam preservativo ainda é baixo apesar de 95,9% da população citar a camisinha como principal forma de prevenção contra as DST’s e a Aids. Mesmo às vésperas do carnaval, quando o Ministério da Saúde intensifica as campanhas que alertam para a transmissão de doenças nas relações sexuais, o sistema identifica que apenas 25% da população sexualmente ativa afirma usar preservativo em todas as relações sexuais.
No caso dos preservativos, o sistema indica que mais de 60% da população entre 15 e 54 anos não se protege quando possuem parceiros fixos. Esse comportamento se reflete no aumento da incidência de HIV/Aids entre mulheres casadas. No grupo que possui parceiros eventuais, também entre 15 e 54 anos, um em cada três indivíduos não usa preservativo durante a relação sexual.
Outros dados do monitoramento mostram que em 2004, 96% das gestantes brasileiras realizaram pelo menos uma consulta pré-natal. Porém, o teste de HIV, recomendado pelo SUS, só foi solicitado para 75% das grávidas. Das mães que fizeram o exame, 35% não souberam o resultado antes do parto. Vale lembrar que esse diagnóstico evita a transmissão materno-infantil. Segundo o Monitoraids, a estimativa da transmissão do vírus de mãe para filho é de 7% com desigualdade entre as regiões. Enquanto no Sul, o numero é de 6%, no Nordeste, chega a 15%.
Em relação aos gastos com a doença, o Monitoraids aponta a oscilação dos recursos. Se em 1997, foram investidos R$ 379 milhões, dois anos depois, o valor chegou a R$ 1,1 bilhão e, em 2002, a verba destinada ao tratamento e prevenção da Aids foi de R$ 800 milhões.
O Monitoraids cruza dados de Sistemas de Informações do PN-DST/Aids; de inquéritos, como a Pesquisa de Conhecimento, Atitudes e Práticas na População brasileira (PCAP-BR, 2004); Sistemas do Ministério da Saúde além de outras fontes oficiais. A partir dele é possível ter informações sobre a trajetória da Aids no Brasil, sendo uma ferramenta valiosa para a gestão e pesquisa em saúde.
O sistema foi desenvolvido pelo Programa Nacional de DST e Aids (PN-DST/Aids), Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict) da Fiocruz e a instituição internacional Centers for Disease Control and Prevention e programa Global Aids Program Brazil.
A doença no Brasil
A epidemia de Aids estoura mundialmente nos anos 80. Quando o vírus era pouco conhecido e de difícil tratamento, a doença foi atribuída a alguns grupos considerados de risco: homossexuais, bissexuais e receptores de sangue. No Brasil, o perfil dos portadores de HIV era o mesmo e a Aids se concentrava, principalmente, no Rio de Janeiro e São Paulo, além de outras metrópoles do sul e sudeste.
Na década seguinte, a transmissão heterossexual do vírus aumentou, devido ao crescimento do número de usuários de drogas injetáveis (UDI), em sua maioria homens, que contaminavam suas parceiras. A epidemia se alastrou por todos os estados brasileiros, ainda que primordialmente nas cidades de médio porte (200 a 500 mil habitantes), sobretudo, no sul e no centro-oeste.
Após a década de 90, a sociedade assiste ao que os especialistas chamam de “heterossexualização” do HIV, resultando num crescimento expressivo de casos entre as mulheres. Esse fato pode ser justificado pelas relações extraconjugais, sejam elas entre homens ou com profissionais do sexo, além dos UDI’s.
A expansão da epidemia entre os heterossexuais tem causado problemas como o aumento de casos de crianças infectadas por transmissão materno-infantil. Hoje, a “heterossexualização” do HIV disseminou a doença por todo o território nacional.
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