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Os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz apontam mais de 80 mil casos de intoxicação em apenas um ano. E as crianças de até cinco anos aparecem como grandes vítimas desses acidentes, principalmente em relação à ingestão de medicamentos, de produtos de limpeza ou de produtos químico industriais. Especialistas apontam que, um dos principais fatores para a ocorrência de intoxicação é a falta de segurança de embalagens. Os medicamentos são os que mais causam vítimas, afetando, em média, mais de 20 crianças por dia.
As embalagens estão presentes em medicamentos, cosméticos, produtos de limpeza, agrotóxicos de uso doméstico, como os inseticidas, e os de uso agrícola. A conservação de produtos em locais inadequados, onde a criança tem acesso, pode provocar acidentes, principalmente se o material tiver cores e cheiros atrativos.
"Hoje existe um número maior de produtos de limpeza com cheiros diferentes, com odor de frutas e bastante atraentes. Isso é um perigo para as crianças de até cinco anos de idade, pois despertam a atenção e a curiosidade natural, e pode causar intoxicação", observa Rosany Bochner, coordenadora do Sinitox.
Além disso, especialistas também apontam a troca de recipientes entre produtos como uma atividade perigosa, uma vez que pode gerar confusões e posteriores acidentes.
"Existem os clandestinos que são armazenados em embalagens de refrigerantes e são extremamente atraentes e geram confusões. Para a criança, a cor atrai. Mas, os adultos também podem se confundir com as garrafas escuras", observa Rosany.
Para minimizar os riscos de acidentes domésticos, o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas recomenda que se evite um estoque de medicamentos em casa após o término do tratamento, para evitar a má conservação e o consumo do produto fora da validade. Os medicamentos, assim como outros produtos consumidos dentro de casa, devem ser mantidos em suas embalagens originais, para evitar confusões.
"Não temos a Embalagem Especial de Proteção às Crianças, então, as embalagens, além de terem comprimidos coloridos, são fáceis de serem abertas. Se os pais deixarem ao alcance das crianças, não existe proteção nenhuma. Fora o problema de algumas embalagens parecidas, por exemplo, quando a de adulto é parecida com a infantil, já que o laboratório tem a mesma embalagem para seus produtos, o que pode provocar trocas entre materiais diferentes", atenta Rosany.
O fracionamento de medicamentos é outra medida eficaz para a promoção da saúde. A ação existe em farmácias e drogarias do Brasil, que oferecem remédios ao paciente na quantidade exata prescrita na receita médica. De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Saúde estabeleceu as condições técnicas e operacionais necessárias para a realização adequada da atividade em todas as etapas.
Brasil aguarda aprovação da Embalagem Especial de Proteção à Criança
Em tramitação no Congresso Nacional, o projeto de Lei nº 4841-A/94 visa a adoção da Embalagem Especial de Proteção à Criança (EEPC) em medicamentos e produtos químicos de uso doméstico que apresentem potencial de risco à saúde. A embalagem deverá ser confeccionada para que seja significativamente difícil uma criança com menos de cinco anos de idade abri-la ou retirar uma quantidade tóxica ou perigosa do produto nela contida, em um período razoável de tempo e que não seja difícil sua abertura por um adulto.
A utilização da EEPC já existe em muitos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, as embalagens especiais são obrigatórias para os medicamentos desde 1970. Estudos apontam que esse tipo de embalagem evitou 200 mil casos de ingestão acidental por crianças em um ano.
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