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Em meio às comemorações dos 25 anos do Icict, o lançamento de dois projetos inovadores consolidam a atuação estratégica da unidade na área de Comunicação e Informação em Saúde. Criados para preservar e disponibilizar a memória institucional da Fiocruz e o acervo de suas bibliotecas, o Laboratório de Digitalização de Obras Raras e o Repositório Institucional da Fiocruz – o Arca – confirmam a missão do Icict: aliar pesquisa e ensino para ampliar o campo da informação e da comunicação em saúde.
Idealizado como um projeto de pesquisa no âmbito do Programa de Indução à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (PIPDT) do Icict, intitulado Constituição do Repositório Virtual do Acervo de Obras Raras da Biblioteca de Ciências Biomédicas, o Laboratório de Digitalização de Obras Raras alcançou em 2011 seu primeiro objetivo: a digitalização de 12 obras emblemáticas para a pesquisa em saúde e a disponibilização delas no site desenvolvido para o projeto. Com a iniciativa, trabalhos de cientistas como Willem Piso, Georg Marggraf, Xavier Bichat, Louis Agassiz, George Louis Buffon, Georges Cuvier, Alexander Von Humboldt, Jean Baptiste Lamarck, Carl Von Linné, Francesco Redi, Albert Calvert e a tese de doutorado do patrono da Fiocruz, Oswaldo Cruz, estão disponíveis na Internet (http://www.labdigital.icict.fiocruz.br).
Como reconhecimento aos resultados obtidos pela iniciativa, o financiamento do projeto foi prorrogado até 2012, para que outras obras raras relevantes para a Ciência e a Saúde ganhem versões digitais e sejam disponibilizadas no site. A coordenadora da pesquisa, Marilene Cardoso, ressalta a natureza colaborativa e contínua do trabalho, desenvolvido em parceria com a Biblioteca de Ciências Biomédicas da Fiocruz. “Depois de concluída a digitalização dos documentos históricos, é preciso publicar o material, criar metadados, desenvolver sistemas de busca, entre outras tarefas”, explica.
Segundo ela, a digitalização de obras raras é um componente estratégico para a consolidação da memória institucional da Fiocruz e, consequentemente, para a História do Brasil. Por isso, a iniciativa já prevê novas ações. “Concluída a digitalização das primeiras 12 obras raras, será iniciado o processo de virtualização de outros documentos emblemáticos para a saúde pública brasileira e para a memória institucional do Icict e da Fiocruz”, adianta.
Uma das propostas é a preservação e organização do acervo do Observatório de Saúde na Mídia, projeto estratégico do Icict coordenado pelo diretor da unidade, Umberto Trigueiros, e a pesquisadora Kátia Lerner, chefe do Laboratório de Comunicação e Saúde. O Observatório de Saúde na Mídia reúne mais de 4.500 textos jornalísticos sobre saúde, coletados de diários de todo o país, e a digitalização do acervo permitirá a disponibilização do material em um portal na Internet.
Uma terceira frente de ação do laboratório é também uma parceria com a Biblioteca de Ciências Biomédicas da Fiocruz, para a digitalização das teses de doutorado dos presidentes da Fiocruz e dos artigos científicos dos pesquisadores cassados durante a ditadura militar – em episódio conhecido como ‘Massacre de Manguinhos’. A bibliotecária Mônica Garcia, chefe da Biblioteca de Ciências Biomédicas quando foi iniciado o processo de digitalização das obras raras, considera que digitalizar os artigos científicos dos cientistas brasileiros cassados durante o Massacre de Manguinhos é também uma oportunidade de homenagá-los, principalmente o pesquisador Herman Lent, um dos dez cassados e autor da expressão ‘Massacre de Manguinhos’.
“Como em agosto de 2011 o Instituto Oswaldo Cruz doou para a Biblioteca de Ciências Biomédicas o acervo da biblioteca de Lent, contendo mais de 18 mil separatas nas áreas de zoologia, entomologia, helmintologia e protozoologia, digitalizar este acervo e disponibilizá-lo para consulta enriquecerá a pesquisa desenvolvida não só na Fiocruz, mas em todo o mundo”, ressalta a bibliotecária.
Lançado também durante as comemorações dos 25 anos do Icict, o Repositório Institucional da Fiocruz – o Arca (http://www.arca.fiocruz.br) – é uma iniciativa da unidade para a preservação e disseminação da produção intelectual da Fundação. Ao lançar o Arca, o Icict pretende ampliar a visibilidade da produção cientifica institucional e estimular pesquisadores e produtores de conhecimento a serem protagonistas de um novo espaço de comunicação científica em saúde.
Plataforma tecnológica que conjuga base de dados web e serviços de informação, o Arca tem como meta acolher e disponibilizar a produção intelectual da Fiocruz de forma mais ampla, em consonância com o movimento de livre acesso à informação cientifica. Com o repositório, artigos científicos, teses e dissertações, relatórios técnicos, vídeos e todo um conjunto de conteúdos digitais originários da pesquisa, do ensino e do desenvolvimento tecnológico da Fiocruz ganharão mais visibilidade.
A então coordenadora técnica da Rede de Bibliotecas da Fiocruz e uma das autoras do projeto, Ilma Noronha, explica que a proposta do Arca é preservar a memória institucional e difundir o conhecimento científico gerado pela Fiocruz. “Podemos nos orgulhar porque compreendemos a informação como um bem público que, portanto, deve ser de domínio público. Começamos a povoar o repositório com a produção científica dos pesquisadores do Icict e nosso grande desafio é completá-lo com a produção científica de toda Fiocruz”, comenta.
A pesquisadora Cícera Henrique, chefe do Laboratório de Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Labcities/Icict) e também idealizadora do projeto, explica o sistema de funcionamento do Arca: “O usuário pode optar por pesquisar por título, assunto, autor ou data de publicação. Ou por fazer a busca por comunidade específica, ou por coleções, e ver a produção como um todo. A ideia é que o Arca possa oferecer à sociedade a contribuição científica da Fiocruz em um só espaço”.
Em seu lançamento, o Arca já contabilizava mais de mil textos completos, que somam uma tipologia variada. Ao conjugar as perspectivas de gestão de pesquisa com a ampliação da disseminação da informação, a plataforma representa o compromisso com a transparência nas pesquisas realizadas com financiamento público.
O diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz (CDTS), Carlos Morel, enfatiza que, além de garantir a transparência das atividades da instituição, a iniciativa sublinha a adesão da Fiocruz ao movimento de acesso livre ao conhecimento: “Estamos na era da Internet e existem inúmeras vantagens em publicizar uma pesquisa em espaços virtuais de acesso livre. Ao permitir que qualquer pessoa possa baixar e difundir um artigo, o pesquisador contribui para o avanço da ciência”, enfatiza Morel.
O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, concorda: “Acredito que o conhecimento deve ser publicizado, publicado independentemente dos cânones da indústria científica. Há muito conhecimento que pode impactar enormemente a prática, a qualidade de vida e as situações de saúde”, aponta.
O Arca pode ser um importante instrumento para aumentar a visibilidade, a imagem e o “valor” público da Fiocruz, além de servir como indicador tangível da qualidade da instituição e como instrumento para demonstrar a relevância científica, econômica e social de suas atividades de investigação e ensino. Entretanto, a sustentabilidade e o “sucesso” do repositório têm relação estreita com as políticas institucionais e com a adesão e o comprometimento dos pesquisadores e produtores de conhecimento da Fundação.
Na medida em que se apresenta como uma estratégia de auto-arquivamento, o Arca tangencia tradições cientificas centenárias e convive com discussões sobre direitos autorais e de propriedade, tensões que se exacerbaram com as tecnologias de informação e comunicação. Presente ao lançamento do Arca, o pesquisador Ricardo Saraiva, responsável pelo Repositório da Universidade do Minho, de Portugal, ressalta a importância de uma política institucional que acompanhe a filosofia dos repositórios. “Acredito que o fator determinante para a implementação de um repositório é o estabelecimento de uma política institucional que encoraje o depósito da produção científica”, defende Saraiva.
A vice-diretora de informação e comunicação do Icict, Maria Cristina Guimarães, também considera importante a criação de uma política institucional que estimule o depósito da produção científica. Contudo, adverte que, antes de ser mandatária, esta política deve priorizar o estímulo e a pactuação, transformando o repositório em uma tecnologia social capaz de viabilizar novas formas de acesso ao conhecimento em saúde, minimizando as reconhecidas iniquidades na área. “O que por certo todos vão concordar é com o papel do Arca como plataforma apropriada para a memória digital institucional, que incentive a preservação de longo prazo”, avalia.
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